DOUTRINA DA BÍBLIA

biblia

As formas da revelação de Deus

A revelação geral: refere-se à automanifestação de Deus por meio da natureza, da história e da personalidade do homem (Sl 19.1; Rm 1.20 – 22).

Há uma teologia natural (Tomás de Aquino): o cerne da teologia natural é a idéia de que é possível chegar a um conhecimento de Deus baseando-se apenas na razão, sem um compromisso de fé anterior com as crenças do cristianismo e sem nenhuma dependência de alguma autoridade especial, tais como uma instituição (a igreja) ou um documento (a Bíblia). Razão, aqui, refere-se à capacidade humana de descobrir, compreender, interpretar e avaliar a verdade.

Resposta: (Rom 2.14). A lei é um meio de guiar a consciência humana ao genuíno conhecimento de Deus, nos apontando o pecado, como nos conduzir à fé. A revelação natural por si só não é suficiente em si mesma.

Revelação particular ou especial: A palavra “revelação” traz uma idéia de desvelar o que está encoberto. Por isso entendemos como automanifestação de Deus para certas pessoas em tempos e lugares definidos. O seu objetivo é trazer de volta o homem a ter um relacionamento direto com o criador.

Meios da revelação especial:

  • Eventos históricos. Exemplo: o chamamento de Abrão, a conquista da Terra prometida, entre inúmeros outros onde Deus revela o seu amor e cuidado;
  • O discurso Divino: Nas Escrituras Deus revela o seu plano para a humanidade, falando por meio de homens e mulheres que O ouviram (Jr 18.1; Ez 12.1…);
  • A encarnação: Esse é o meio mais completo de Deus se revelar ao homem, fazendo-se um de nós (Fl 2).

 

A BÍBLIA: É uma palavra grega que significa “coleção de livros”, “enciclopédia”. Composta por 39 livros que representam o Antigo Testamento e 27 o Novo Testamento. É um livro humano-divino.

O Novo Testamento foi completado em menos de 100 anos, pois seu último livro, o apocalipse, foi escrito cerca de 96 d.C. Isto é, dá um total de 1.142 anos para a formação de ambos os Testamentos (1046+96).

Quando se fala do espaço total de tempo, que vai da escrita do pentateuco ao apocalipse, é preciso intercalar os 400 anos do período interbíblico ocorrido entre os Testamentos, o que dará um total de 1542 anos (1046+96+400).

Em relação aos autores vemos a participação de pelo menos 40 autores diferentes.

As línguas utilizadas foram o Hebraico, o Aramaico e o Grego.

 

 

CURIOSIDADES:

A Bíblia foi divididaemcapítulosporEstevãoLangton,umprofessordaUniversidade de Paris e, posteriormente, arcebispo de Cantuária no ano de 1227. Em versículo teve uma finalidade prática, facilitar o encontro de determinadas passagens. Este já tinha sido o mesmo objetivo da divisão em capítulos. Em 1240 Hugo de Saint-Cheir subdividiu os capítulos em sete partes designadas por letras.

A divisão em versículos numerados foi feita por Roberto Estéfano, famoso impressor francês, no Velho Testamento em 1548 (Vulgata) e em o Novo Testamento grego em 1551.

Roberto Estéfano se aproveitou de trabalhos anteriores. Lefevre, 1509 havia numerado em versículos os Salmos e Panini em 1528 numerou toda a Bíblia.

A divisão de Estéfano é muito falha em algumas passagens, por estar em total desacordo com o sentido do texto.

Este mesmo autor, publicou em 1555 uma concordância Bíblica, onde as citações seguiam essa numeração. Esta obra muito contribuiu para que sua classificação fosse aceita.

 

1. O SIGNIFICADO DA PALAVRA CÂNON

A palavra cânon tem raiz na palavra “cana”, “junco” (do hebraico geneh, através do grego kanon ). O “junco” era usado como uma vara para medir e avaliar …” mais tarde teve o sentido de “lista” ou “rol”.

Aplicada às Escrituras, a palavra cânon significa “uma lista de livros oficialmente aceitos”. Deve-se ter em mente que a igreja não criou o cânon nem os livros que estão incluídos naquilo que chamamos de Escrituras. Ao contrário, a igreja reconheceu os livros que foram inspirados desde o princípio. Foram inspirados por Deus ao serem escritos.

A Bíblia, como o cânon sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e prática. Diz-se dos livros da Bíblia que são canônicos para diferenciá-los dos apócrifos. O emprego do termo cânon foi primeiramente aplicado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 d.C).

 

Estilos literários:

  • histórias,
  • leis (civil, criminal, ética, ritual, sanitária),
  • poesia religiosa,
  • textos didáticos,
  • poesia lírica,
  • parábolas e alegorias,
  • biografias,
  • correspondências pessoais,
  • diários,
  • além dos estilos caracteristicamente bíblicos de literaturas proféticas e apocalípticas.

Composição:

Velho Testamento:

  • Livros da Lei (pentateuco):

Gênesis – Êxodo – Levítico – Números e Deuteronômio;

  • Livros Históricos:

Josué – Juízes – Rute – I e II Samuel – I e II Reis – I e II Crônicas – Esdras – Neemias e Ester;

  • Livros Poéticos:

Jó – Salmos – Provérbios – Eclesiastes – Cantares de Salomão;

  • Profetas maiores:

Isaías – Jeremias – Lamentações de Jeremias – Ezequiel – Daniel;

  • Profetas menores:

Oséias – Joel – Amós – Obadias – Jonas – Miquéias – Naum – Habacuque – Sofonias – Ageu – Zacarias – Malaquias.

Novo Testamento:

  • Evangelhos:

Mateus – Marcos – Lucas – João;

  • Livro histórico:

Atos dos Apóstolos;

  • Cartas Paulinas:

Romanos – I e II Coríntios – Gálatas – Efésios – Filipenses – Colossenses – I e II Tessalonicenses – I e II Timóteo – Tito – Filemon;

  • Epístolas gerais:

Hebreus (autor desconhecido); Tiago – I e II Pedro – I, II e III João – Judas;

  • Livro da Revelação:

Apocalipse

 CÂNON – SUA INSPIRAÇÃO

Por inspiração das Escrituras entendemos a influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os autores das Escrituras, que converteu seus escritos em um registro preciso da revelação ou que faz com que seus escritos sejam realmente a Palavra de Deus. A revelação é a comunicação de Deus aos homens, transmitindo-lhes a verdade que precisam conhecer para terem um relacionamento correto com Ele.

 

Teorias acerca da inspiração:

a) Teoria da intuição: os autores nasceram com um alto grau de percepção das coisas religiosas, como um dom especial para escrever as Escrituras;

b) Teoria da iluminação: é a teoria que considera a inspiração como uma elevação e intensificação das percepções religiosas dos cristãos sob a influência do Espírito Santo os tiveram suas percepções religiosas aumentadas e há uma “iluminação” em todos aqueles que lêem, na realidade, o escrito em si não é inspirado;

c) Teoria do ditado: O Espírito Santo utilizou os autores como meros instrumentos passivos, onde Deus dita o que devia ser escrito e os homens só reproduziam;

d) Teoria verbal: Além da direção dos pensamentos dos autores, o Espírito Santo selecionou até mesmo as palavras;

e) Teoria dinâmica/plenária/sobrenatural: Destaca elementos humanos e divinos no processo de inspiração. O trabalho do Espírito de Deus foi o de dirigir o escritor aos pensamentos ou conceitos que ele devia ter, deixando que a própria personalidade característica do autor participasse da escolha das palavras e expressões. É plenária por entender que toda a Bíblia é inspirada e não parcialmente.

OS PRINCÍPIOS DA DESCOBERTA DA CANONICIDADE:

Sempre existiram falsos livros e falsas mensagens. E por representarem ameaça constante, surgiu-se a necessidade de que o povo de Deus tivesse mais cuidado com a coleção de livros sagrados guardados consigo, pois poderiam haver alguns erros.

Em relação ao Antigo Testamento, os escritos eram comumente aceitos pela comunidade e a partir do Concílio de Jâmnia. A academia de Jamnia, estabelecida pelo rabino Johanan ben Zakkai antes da queda de Jerusalém em 70 d.C., era ao mesmo tempo uma universidade e um centro legislativo, cerca de 70 rabinos se reuniram por volta do ano 90 d. C., para definirem seu escritos inspirados.

Em relação ao Novo Testamente se deu valendo-se dos seguintes critérios:

a) O livro é autorizado – Veio de Deus (Assim diz o Senhor);

b) Foi escrito por algum apóstolo ou alguém que andou diretamente com um (apostolicidade);

c) É digno de confiança – Fala a verdade a cerca de Deus de forma harmoniosa;

d) É Dinâmico – Possui o poder que transforma vidas;

e) É aceito pelo povo de Deus para o qual foi originalmente escrito.

 

1. VEJAMOS AGORA CADA UM DESSES CRITÉRIOS SEPARADAMENTE:

A autoridade de um livro – Cada livro da Bíblia traz uma reivindicação de autoridade divina. A expressão “Assim diz o Senhor” está presente na Bíblia com freqüência. Sempre existe uma declaração divina. Se faltasse a um livro a Autoridade de Deus, esse era considerado não canônico , não sendo incluído no cânon sagrado.

2. A AUTORIDADE APOSTÓLICA

Os livros proféticos só foram produzidos pela atuação do Espírito, que moveu alguns homens conhecidos como profetas. (2Pe. 1:10-21). A palavra de Deus só foi entregue a seu povo mediante os profetas de Deus. Todos os autores bíblicos tinham um Dom profético, ou uma função profética, ainda que tal pessoa não fosse profeta por ocupação. (Hb. 1:1).

3. A CONFIABILIDADE DE UM LIVRO

Outro sinal característico da inspiração é o ser um livro digno de confiança.

A vista desse princípio, os crentes de beréia aceitaram os ensinos de Paulo e pesquisaram as Escrituras, para verificar se o que o apóstolo estava ensinando , estava de fato de acordo com a revelação de Deus no Antigo Testamento. O mero fato de um texto estar de acordo com uma revelação anterior não indica que tal texto é inspirado. Grande parte dos apócrifos foi rejeitada por causa do princípio da confiabilidade. Suas anomalias históricas e heresias teológicas os rejeitaram; seriam impossível aceitá-las como vindos de Deus; a despeito de sua aparência de autorizados. Não podiam vir de Deus e ao mesmo tempo apresentar erros.

4. A NATUREZA DINÂMICA DE UM LIVRO

O quarto teste canonicidade, era a capacidade do texto de transforma vidas: “… A palavra de Deus é viva e eficaz…” (Hb. 4:12) O resultado é que ela pode ser usada “para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir, em justiça” (2Tm. 3:16-17).

O apóstolo Paulo revelou-nos que a habilidade dinâmica das escrituras inspiradas estava na aceitação das Escrituras, como um todo, como mostra em 2 Timóteo 3:16-17. Disse Paulo a Timóteo :” as Sagradas Escrituras podem fazer-te sábio para a Salvação. A partir daí, outros livros e mensagens foram rejeitados porque apresentavam falsas esperanças. (1Rs. 22:6-8) ou faziam rugir alarmes falsos (2Ts. 2:2).

5. A ACEITAÇÃO DE UM LIVRO

A Marca final de um documento escrito autorizado é seu reconhecimento pelo povo de Deus ao qual originalmente se havia destinado.

A palavra de Deus, dada mediante seus profetas, e contendo sua verdade, deve ser reconhecida pelo seu povo. Se determinado livro fosse recebido, coligido e usado como força de Deus, pelas pessoas a quem originariamente se havia destinado, ficava comprovada a sua canonicidade. Sendo o sistema de transportes atrasado como era nos tempos antigos, às vezes a determinação da canonicidade de um livro da parte dos pais da igreja exigia muito tempo e esforço. É por essa razão que o reconhecimento definitivo completo, por toda a igreja cristã, dos 66 livros do cânon das Escrituras Sagradas exigiu tantos anos.

Os livros de Moisés foram aceitos imediatamente pelo povo de Deus. As cartas de Paulo foram recebidas imediatamente, recebidas pelas igrejas às quais haviam sido dirigidas (1Ts. 12:13), e até pelos demais apóstolos (2Pe. 3:16). Já alguns escritos foram rejeitados pelo povo de Deus, por não apresentarem autoridade divina. Esse princípio de aceitação levou alguns a questionar durante algum tempo certos livros da Bíblia, como 2 e 3 João são de natureza particular e de circulação restrita; É compreensível, pois que houvesse alguma relutância em aceitá-los, até que essas pessoas em dúvida tivessem absoluta certeza de que tais livros haviam sido recebidos pelo povo de Deus do século como cartas do apóstolo João.

Alguns testemunhos na história:

Atanásio de Alexandria (367 A.D.) nos apresenta a mais antiga lista de livros do Novo Testamento que é exatamente igual à nossa atual. A lista faz parte do texto de uma carta comemorativa escrita às igrejas.

Logo após Atanásio, dois escritores, Jerônimo e Agostinho, definiram o cânon de 27 livros.

Policarpo (115 A.D.), Clemente e outros referem-se aos livros do Antigo e do Novo Testamento com a expressão “como está escrito nas Escrituras”.

Justino Mártir (100-165 A.D.), referindo-se à Eucaristia, escreve em primeira Apologia 1.67: “E no Domingo todos aqueles que vivem nas cidades ou no campo se reúnem num só local, e, durante o tempo que for possível, lêem-se as memórias dos apóstolos ou escritos dos profetas. Então, quando o leitor termina a leitura, o presidente faz uma admoestação e um convite a que todos imitem essas boas coisas”.

Irineu (180 A.D).F.F. Bruce escreveu acerca do significado de Irineu: “A importância de Irineu está no seu vínculo com a era apostólica e nos seus relacionamentos ecumênicos. Educado na Ásia menor, aos pés de Policarpo, o discípulo de João, Irineu tornou-se bispo de Lion, Gália, em 180 A.D. Seus escritos confirmam o reconhecimento canônico dos quatro evangelhos, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, 1 Pedro e 1 João e Apocalipse.

Inácio (50-115 A.D.): “Não quero dar-lhes mandamentos tal como fizeram Pedro e Paulo; eles foram apóstolos…” (Aos Tralianos 3.3).

F.F. Bruce afirma que “quando finalmente um concílio da igreja – o sínodo de Hipona (393 A.D.) – elaborou uma lista dos vinte e sete livros do Novo Testamento, não conferiu-lhes qualquer autoridade que já não possuíssem, mas simplesmente registrou a canonicidade previamente estabelecida.

Desde então não tem havido qualquer restrição séria aos 27 livros aceitos do Novo Testamento, quer por católico – romanos quer por protestantes.

Para ilustrar ainda mais a seguir encontra-se uma tabela ilustrativa:

CITAÇÕES PATRÍSTICAS DO NOVO TESTAMENTO ESCRITOR Evangelhos Atos Epístolas Paulinas Epístolas Gerais Apocalipse Total
Justino Mártir  

268

10 43 6 3 266 alusões
  1. 526
Irineu
  1. 038
194 499 23 65
  1. 819
Clemente de Alexandria
  1. 017
44
  1. 127
207 11
  1. 406
Orígenes
  1. 231
349
  1. 778
399 165
  1. 992
Tertuliano
  1. 822
502
  1. 609
120 205
  1. 258
Hipólito 734 42 387 27 188
  1. 378
Eusébio
  1. 258
211
  1. 592
88 27
  1. 176
Totais
  1. 368
  2. 352
  3. 035
870 664
  1. 289

OS LIVROS APÓCRIFOS:

A palavra apócrifo significa: “secreto”, proibido ao público”, “falso”. Houve alguns outros inúmeros escritos tanto no Antigo como no Novo Testamentos.

Apócrifos do Antigo Testamento:

Tobias – Judite – Baruque – Sabedoria- Eclesiástico – I e II Macabeus – além dos acréscimos em Ester e Daniel (esse é o Antigo Testamento aceito pela Igreja Católica Romana).

Por que da rejeição desses escritos:

  • Eles nunca fizeram parte da Bíblia dos judeus, nunca sendo considerados canônicos;
  • Há neles ensinos falsos, que não se harmoniza com o restante das Escrituras:
    • Justificação pelas obras: Eclesiástico 3.33; Tobias 4.7-11;
    • Mediação dos santos: Tobias 12.12;
    • Oração pelos mortos: II Macabeus 12.44-46;
    • Superstição grosseira: Tobias 6.7-19

O próprio tradutor da versão vulgata latina, aceita pela igreja romana, Jerônimo, era contrário ao reconhecimento desses livros.

 OS APÓCRIFOS DO NOVO TESTAMENTO:

A Epistola de pseudo – Barnabé (cerca de 70-79 A.D.)

Epístola aos Corítios (cerca de 96 A.D.)

Antiga Homília, também chamada Segunda Epístola de Clemente (cerca de 20-140 A.D.)

Pastor de Hermas (cerca de 115-140 A.D.)

Didaquê, ou o Ensino dos Doze Apóstolos (cerca de 100-120 A.D.)

Apocalipse de Pedro (cerca de 150 A.D.)

Os Atos de Paulo e Tecla (170 A.D.)

Epístola aos Laodicenses (provavelmente século quarto)

O Evangelhos Segundo os Hebreus (65-100 A.D.)

As Sete Epístolas de Inácio (cerca de 100 A.D.)

E muitos outros.

EVIDÊNCIAS DOS MANUSCRITOS ACERCA DO NOVO TESTAMENTO

Atualmente sabe-se da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento. Acrescentam-se a esse número mais de 10.000 manuscritos da Vulgata Latina e, pelo menos, 9.300 de outras antigas versões, e teremos mais de 24.000 cópias de porções do Novo Testamento.

Nenhum outro documento da história antiga chega perto desses números e dessa confirmação. Em comparação, a Ilíada de Homero vem em segundo lugar, com apenas 643 manuscritos que sobreviveram até hoje. O primeiro texto completo e preservado de Homero data do século treze.

 

A seguir apresentamos um quadro estatístico dos manuscritos remanescentes do Novo Testamento: Gregos
Unciais 267
Minúsculas 2.764
Lecionários (livro que narra a história dos autores) 2.143
Papiros 88
Achados recentes 47 Manuscritos
TOTAL 5.309 Gregos existentes

 

Sir Frederic G. Kenyon, que foi diretor e bibliotecário – chefe do Museu britânico, reconhecido como uma das maiores autoridades em manuscritos, diz: “…além da quantidade, os manuscritos do Novo Testamento difere das obras dos autores clássicos em outro aspecto, e mais uma vez a diferença é bem clara, os livros do Novo Testamento foram escritos na última parte do século primeiro; com exceção de fragmentos muitos pequenos, os manuscritos mais antigos existentes são do quarto século – cerca de 250 a 300 anos depois”. Cremos que, em todos os pontos essenciais, temos um texto bastante fiel das sete peças remanescentes de Sófocles; no entanto, o manuscrito mais antigo e substancioso de Sófocles foi copiado mais de 1.400 anos depois de sua morte.”

Em The Bible and Archaeology (A Bíblia e a Arqueoloiga), Kekyon afirma: “De modo que o intervalo entre as datas da composição do original e os mais antigos manuscritos existentes se torna tão pequeno a ponto de, na prática ser insignificante. Assim, já não há base qualquer dúvida de que as Escrituras tenham chegado até nós tal como foram escritas. Pode-se considerar que finalmente estão comprovadas tanto a autenticidade como a integridade dos livros do Nono Testamento.”

F.J.A. Hort acrescenta, com acerto, que “na variedade e multiplicidade de provas sobre as quais repousa, o texto do Novo Testamento destaca-se de um modo absoluto e inigualável entre os textos em prosa da antigüidade.”

  1. Harold Greennlee declara: “…o número de manuscritos neotestamentário disponíveis é surpreendentemente maior do que os de qualquer outra obra da literatura antiga. Em terceiro lugar os mais antigos manuscritos existentes do Novo Testamento foram escritos numa data muito mais próxima da composição do texto original do que no caso de qualquer outro texto da literatura antiga”.

2. O NOVO TESTAMENTO EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS OBRAS DA ANTIGÜIDADE

2a. A Comparação de manuscritos

Em Merece Confiança o Novo Testamento? F.F. Bruce faz comparações entre o Novo Testamento e antigos textos de história, e apresenta uma descrição marcante a respeito: “Talvez possamos avaliar melhor quão rico é o Novo Testamento em matéria de evidência manuscrita, se compararmos o material textual subsistente com outras obras históricas da antigüidade. O texto das porções existentes das duas grandes obras históricas de Tácito depende totalmente de dois manuscritos, um do século nono e outro do século onze.

Mesmo em relação aos Anais do famoso historiador Tácito, no que diz respeito aos seis primeiros livros dessa obra, ela só sobreviveu devido a um único manuscrito, do século nono. Em 1870 o único manuscrito conhecido da Epístola a Diogneto, um texto cristão bem antigo que os compiladores geralmente incluem entre os escritos dos pais Apostólicos, perdeu-se num incêndio na biblioteca municipal de Estrasburgo. Em contraste com esses dados estatísticos, o crítico textual do Novo Testamento fica perplexo diante da riqueza de material disponível “.

 

 

Para legitimar ainda mais as Escrituras, especialmente no que se refere ao Antigo Testamento, até a recente descoberta dos Manuscritos do Mar Morto que formam uma coleção de cerca de 930 documentos descobertos entre 1947 e 1956 em 11 cavernas próximo de Qumran, uma fortaleza a noroeste do Mar Morto, em Israel (em tempos históricos uma parte da Judéia). Estes documentos foram escritos entre o século III a.C. e o primeiro século depois de Cristo em Hebraico, Aramaico e grego. Os textos são importantes por serem mil anos mais antigos do que os registros do Velho Testamento conhecidos até então, pois o texto mais antigo que dispunhamos era do ano 900 a. D.

Comparando textos bíblicos, como o livro de Isaía por exemplo, um livro completo que fora encontrado, pegou-se um texto do ano 980 a. D. E um de cerca de 1000 anos antes e verificou 95 % de exatidão entre ambos, e desses 5 % são variações ortográficas e outros erros óbvios de cópias que em nada comprometem o teor do texto. Isso serviu de fundamentação para a não-alteração do texto sagrado ao longo dos anos.

 

DOUTRINA DE DEUS – TEOLOGIA

Consiste na pretensão de seres finitos em tentar compreender um Ser infinito

Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não admite que Deus existe.

Deus é um fato, embora existam aqueles que afirmam não ter como prová-lo, ao longo da história surgiram alguns filósofos (cristão ou não) tentando argumentar racionalmente a Sua existência:

  1. Argumento Ontológico: este argumenta que o homem tem a idéia de um ser absolutamente perfeito; que existência é atributo de perfeição: e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir, pois maior é existir do que não existir. Se o homem tem essa concepção, é porque de fato existe esse ser. “O Ser do qual não se pode pensar nada maior” (Santo Anselmo);
  2. Argumento Cosmológico: argumenta que cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa indefinidamente grande, maior, que deve ser Deus;
  3. Argumento teleológico: concentra-se na evidência da harmonia, da ordem e do planejamento no universo, e argumenta que esse planejamento dá provas de um propósito inteligente por trás.
  4. Argumento moral: parte do senso humano do certo e do errado, e da necessidade da imposição da justiça, e raciocina que deve necessariamente existir um Deus que seja fonte do certo e do errado;
  5. Argumento histórico: entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores.

A imanência e transcendência de Deus:

A igreja cristã confessa que Deus é o Incompreensível, pelo menos de forma absoluta, mas por outro lado, Ele pode ser conhecido e que o conhecê-lo é um requisito absoluto para a salvação.

O significado da imanência é que Deus está presente e ativo dentro de sua criação e dentro da raça humana, (DEÍSMO) mesmo naqueles membros que não creem nele ou não lhe obedecem. Sua influência está em toda parte. Ele age nos processos naturais e por meio deles. O significado da transcendência é que Deus não é uma mera qualidade da natureza ou da humanidade; ele não é simplesmente o mais elevado dos seres humanos. Ele não é limitado à nossa capacidade de compreendê-lo. Sua santidade e bondade vão muito além, infinitamente além das nossas, e isso também é verdade em relação a seu conhecimento e poder. Jr 23. 23,24.

Para tentar explicar essa questão da imanência e transcendência, podemos ter o exemplo do som, pois conseguimos ouvi-lo até uma determinada freqüência, a partir de um valor, o ouvido humano não mais é capaz de captá-lo.

Implicações da Iminência:

  • Deus não se limita a agir diretamente para cumprir seus objetivos. Ele age tanto através de um acontecimento sobrenatural, e até por meios naturais;
  • Deus pode usar pessoas e organizações que não sejam declaradamente cristãs;
  • Tal entendimento deve nos levar a ter apreço por todas as coisas criadas por Deus;
  • Podemos obter algum conhecimento de Deus por meio de Sua criação;
  • A imanência de Deus significa que há pontos em que o evangelho pode fazer contato com o descrente.

Deus é um ser pessoal, que busca relacionar-se com a sua criação, não por necessidade, mas através da Sua infinita graça.

Implicações da transcendência:

  • Existe algo mais elevado que os seres humanos;
  • Deus nunca pode ser completamente determinado pelos conceitos humanos;
  • Nossa salvação não é conquista nossa. Não somos capazes de nos elevar ao nível de Deus, preenchendo os padrões Dele para nós;
  • Sempre haverá uma diferença entre Deus e os seres humanos;
  • A reverência é adequada em nosso relacionamento com Deus;

Conclusão:

Em ambos os casos, deve-se evitar a ênfase excessiva. Não O buscaremos apenas no religioso ou devocional; mas também nos aspectos “seculares” da vida. Deus não é apenas um ser pessoal, mas também espiritual (Jo 4.24), por conta disso não sofre limitações por conta de não possuir corpo físico.

Os atributos de Deus:

Quando falamos em atributos de Deus, estamos nos referindo àquelas qualidades de Deus que constituem o que ele é, são características próprias de Sua natureza. São qualidades permanentes, que não podem ser perdidos, nem adquiridos.

Há uma distinção entre os atributos: os naturais ou exclusivos ou incomunicáveis de Deus, que diz respeito a natureza constitutiva de Deus, aquilo que é essencial a Sua “existência” e os morais, são atributos morais de Deus, aqueles que os seres humanos tem certa similaridade, mas claro, em grau muito menor:

Os Atributos Naturais ou exclusivos ou incomunicáveis de Deus:

  1. Existência autônoma: Deus é autoexistente, isto é, Ele tem em Si mesmo a base de Sua existência e por Ele tudo veio a existir (Sl 94.8; Is 40.18; Jo 5.26);
  2. Independência: Deus não precisa de nós nem do restante da criação para nada; porém, tanto nós, como o restante da criação podemos glorificá-lo e dar-lhe alegria; (Jó 41.11; Sl 50.10-12; At 17.24-25);
  3. Imutabilidade: é a perfeição pela qual não há mudança Nele, não somente em Seu ser, mas também em Suas perfeições, em Seus propósitos e em suas promessas. (Sl 102.25-27; Ml 3.6; Tg 1.17).

O que dizer das “mudanças” de Deus após a oração de um servo seu (Êxodo 32.9-14) ou ao acréscimo de 15 anos à Ezequias (Is 38.1-6), ou como explicar o caso de Jonas (Jn 3.4-10)?

Esses exemplos devem todos ser entendidos como expressões verdadeiras da atitude ou intenção presente de Deus diante da situação que existe naquele momento. Se a situação muda, então é claro que a atitude ou expressão da intenção divina irá mudar também. Deus reage de modos diversos a situações diferentes. No caso de Jonas, o propósito da advertência da destruição de Nínive é provocar arrependimento.  Os casos de Ezequias e Moisés são semelhantes: Deus dissera que enviaria o juízo e era uma declaração verdadeira, desde que a situação permanecesse a mesma;

  1. Onipresença: Deus está presente em todo luar, pois assim como Ele é ilimitado é infinito com respeito ao tempo (I Rs 8.17; Sl 139.7-10). Deus não pode ser contido por espaço nenhum;
  2. Deus é onisciente – Ele sabe todas as coisas – (Sl. 139:1-6; 147.5). Ele conhece não somente nosso procedimento, mas também nossos próprios pensamentos – (1 Sm. 16:7; 1 Rs. 8:39; Sl. 44:21; Jr. 17:9,10). Quando a Bíblia fala da presciência de Deus – (Is. 42:9; At. 2:23; 1 Pe. 1:2), significa que Ele conhece com precisão a condição de todas as coisas e de todos os acontecimentos exeqüíveis, reais possíveis, futuros, passados ou predestinados – (I Sm. 23:1o-13; Jr. 38:17-20). A presciência de Deus não subentende determinismo filosófico. Deus é plenamente soberano para tomar decisões e alterar seus propósitos no tempo e na história, segundo sua própria vontade e sabedoria. Noutras palavras, Deus não é limitado à sua própria presciência – (Ver Nm. 14:11-20; 2 Rs. 20:17).
  3. Deus é onipotente – Ele é o Todo- Poderoso  e detém a autoridade total sobre todas as coisas e sobre todas as criaturas  (Sl. 147:13-28; Jr. 32:17; Mt. 19:26; Lc. 1:37). É o atributo que Lhe permite fazer tudo o que for da sua santa vontade. Isso não quer dizer, jamais, que Deus empregue todo o seu poder e autoridade em todos os momentos. Por exemplo, Deus tem poder para exterminar totalmente o pecado, mas optou por não fazer assim até o final da história humana  (Ver 1 Jo. 5 :19). Em muitos casos, Deus limita o seu poder, quando o emprega através do seu povo  (2 Co. 12:7-10). Ele não pode ser arbitrário ao seu caráter.

 

Atributos Morais ou Comunicáveis: são atributos comunicáveis aos seres humanos, porém não em sua totalidade.

  1. Santidade: a idéia que traz santidade é a de uma posição ou relação existente entre Deus e uma pessoa ou coisa, ou seja, Ele é distinto de toda a sua criação, sendo exaltado acima dela. Mas traz também uma idéia de ética, separação do mal moral, isto é, do pecado. (Jó 34.10; Hc 1.13);
  2. Bondade: esta é a perfeição de Deus para com as Suas criaturas que o leva a tratá-las de forma benévola e generosa. É a feição que o criador tem pelas suas criaturas (Sl 34.8; 145. 9, 15-16; Mt 5.45; Lc 18.19; At 14.17). Esse atributo está intimamente ligado a outros atributos, como o amor, a misericórdia, a paciência e a graça;
  3. Sabedoria: dizer que Deus tem sabedoria significa dizer que Ele sempre escolhe as melhores metas e os melhores meios para alcançar essas metas. (Jó 9.4; 12.13; Sl 104.24; Rm 16.27).
  4. Justiça: significa dizer que Deus sempre age segundo o que é justo e que Ele mesmo é o parâmetro definitivo do que é justo. (Gn 18.25; Dt 32.4; Is 45.19; Rm 9.20-21).

 

A Triunidade de Deus:

 

A doutrina da Trindade é uma das doutrinas que de fato distingue o cristianismo das demais religiões que se relacionam com um Ser transcendente. Que gera e já gerou inúmeras discussões ao longo da história da igreja cristã.

Desde o princípio da história de Israel, Deus é explicitamente contrário ao politeísmo das outras nações (Êxodo 20.2-3; Dt 6.4-5).

A doutrina da Trindade implica: Deus existe eternamente como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo – e cada pessoa é plenamente Deus, e existe só um Deus.

A revelação da Trindade é revelada progressivamente nas Escrituras:

a) No Antigo Testamento: embora a palavra Trindade não se encontre na Bíblia: Gn 1.26 “façamos”, “a nossa”. Embora há quem argumente se tratar de um “plural majestático”, porém, no AT hebraico, não se encontram outros exemplos em que um monarca use verbos no plural ou pronomes plurais para referir-se a si mesmo nessa forma. Nem ainda, pode se referir a anjos, pois eles não participaram da criação e nem em nenhuma parte das Escrituras aparece alguma afirmação de sermos imagem de anjos; Gn 3.22; 11.7; Is 6.8. Salmos 110.1; Isaías 48.16; 63.10.

O “anjo do Senhor” em algumas passagens é chamado de “Senhor”, “Deus” (Gn 16.13; Êxodo 3.2-6; 23.20-22; Jz 2.1-2; 6.11).

A sabedoria parece ser personificada (Pv 8.22-31).

b) No Novo Testamento: Mateus 3.16-17, aqui aparece os três personagens da Trindade Santa, Mateus 28.19; I Cor 12.4-6; II Cor 13.13; Ef 4.4-6; I Pe 1.2; I Jo 5.7; Jd 20-21. Há ainda defensores históricos como: com citações de Irineu (ano 212); Tertuliano ( ano 220) e Atanásio ( ano 373) o grande defensor da Trindade.

Partimos das três declarações para explicar a trindade:

a) Deus é três pessoas: O Pai não é o Filho nem o Espírito Santo e vice-versa. Jo 1.1-2, 9-18 “estava com”; Jo 17.24; Hb 7.25; I Jo 2.1. O Pai e o Filho são distintos.

Distinção com o Espírito Santo: Jo 14.26; 15.26 (a palavra Espírito é neutra, mas é precedida por um pronome masculino, indicando uma pessoa e não uma força (Lc 4.14; Jo 10.38)) 16.7;  Rm 8.27; Mt 28.19).

b) cada pessoa é plenamente Deus: Deus Pai é claramente Deus, isso está presente nas Escrituras de forma explícita; O Filho é plenamente Deus: Jo 1.1-14; 20.27-31, declaração de Tomé acerca da divindade de Jesus.; Tito 2.13; Hb 1.1,8;      II Pe 1.1. Como ainda no AT Is 9.6. O Espírito Santo é Deus: Sl 139.7-8 ausentar-se do Espírito é ausentar-se de Deus; Mt 28.19, aqui o Espírito Santo está no mesmo nível que o Pai e o Filho; Atos 5.3-4; I Cor 3.16.

c) Só há um Deus: Isso é evidente nas Escrituras (I Rs 8.60; Is 45.5-6, 21-22; Rm 3.30; I Cor 8.6; I Tim 2.5; Tg 2.19).

Afirmações sobre a Trindade:

  1. As pessoas da Trindade têm funções primordiais diferentes em relação ao mundo (economia da Trindade);
  2. As pessoas da Trindade existem eternamente com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

 

 

 

CRIAÇÃO

Sobre a criação podemos afirmar:

  1. A criação é a obra de Deus trino: Houve a participação da Santíssima Trindade nesse processo: O Pai participou fundamentalmente (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; I Cor 8.6), como também o Filho (Jo 1.3; Cl 1.15-17; Hb 1.2), que aparece como agente eficaz que executa os planos e as ordens do Pai e ainda o Espírito Santo (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.14; Sl 104.30; Is 40.12-13), onde se mostra como aquele que tem uma função preservadora, sustentadora, e regente na criação;
  2. A criação é um ato livre de Deus: Deus não tinha necessidade de criar nada, apenas decidiu assim fazer. Deus criou todas as coisas sob o conselho da Sua vontade e não-dependente de Suas criaturas (Jo 22.2-3; At 17.25; Ef 1.11; Ap 4.11);
  3. A criação é um ato temporal de Deus: O mundo teve um começo, um início, (“no princípio” Gn 1.1; Sl 90.2; 102.25; Mt 19.4,8; Jo 1.1; Hb 1.10);
  4. Essa criação se deu através “do nada”, ou seja, não foi usada nenhuma matéria preexistente (Gn 1.1). Não que o “nada” seja alguma coisa, ou tenha condições de vir algo criativo dele, mas antes, significa dizer que Deus é a força causante, sem a utilização de algum material, Deus foi a causa de tudo existir;
  5. O mundo tem uma existência distinta do criador e ao mesmo tempo dependente Dele: (Is 42.5; At 17.24), sendo o mundo pecaminoso (Rm 1.18-32; I Jo 2.15-17), não pode jamais ser confundido com o criador que é santo e perfeito. É contrário ainda a uma crença “deísta”, onde Deus deu corda e deixou o relógio funcionar por conta. Deus atua em sua criação e criaturas (Sl 139.7-10; Jr 23.24; At 17.28; I Cor 3.16; 6.19; Ef 2.22).

A idade e o desenvolvimento da terra:

À parte das questões especificamente ligadas à origem e natureza dos seres humanos, há dois problemas que têm despertado interesse ao longo dos anos: a idade da terra e o desenvolvimento dentro da criação. O conflito sobre a idade da terra lança a idéia de que a Bíblia ensina que Deus criou tudo cerca de seis mil anos atrás (4004 a. C. foi a dada exata calculada pelo Arcebispo James Usher) James Ussher ou simplesmente Usher (Dublin, 4 de Janeiro de 158121 de Março de 1656) foi um Arcebispo de Armagh. Baseando-se na bíblia, definindo o número de gerações, a duração média da vida humana e nas principais figuras bíblicas desde Adão e Eva até ao nascimento de Jesus, Ussher afirmou que a terra tinha sido criada às 9 horas da manhã do dia 23 de Outubro de 4004 a.C(domingo)e o dia da expulsão de Adão e Eva do paraíso em 10 de novembro de 4004 a.C(segunda)e mais até a data da parada da arca de Noé no Monte Ararat (Turquia)em 5 de maio de 2348 a.C (quarta). Tal precisão conferiu-lhe grande credibilidade entre os seus contemporâneos.

Contra os indícios dos geólogos de que a terra possui vários bilhões de anos. As tentativas de solução em geral ajustam as informações científicas ou as bíblias, ou ambas. Mas hoje muitos teólogos cristãos defendem a idade da terra entre 10 à 20 mil anos.

Com freqüência, os que sustentam que a terra é relativamente jovem questionam a validade dos métodos científicos de datação, especialmente os que usam materiais radioativos. Alguns deles argumentam que, por ocasião do dilúvio, a terra ficou sujeita a forças geológicas incomuns que a alteraram de modo que hoje ela parece muito mais antiga do que de fato é. Uma teoria engenhosa defende que Deus criou o mundo seis mil anos atrás, mas a fez como se já tivesse bilhões de anos.

Por outro lado, os que crêem que a terra existe à bilhões de anos alegam que as genealogias bíblicas não foram feitas para serem usadas no cálculo do início do tempo. Além disso, a palavra hebraica traduzida por “dia” em Gênesis 1 pode ter vários significados, inclusive um longo período de tempo.

Parece que a teoria mais satisfatória é a que sustenta que Deus criou uma série de atos que ocuparam longos períodos e que isso aconteceu numa data indefinida. Isso faz plena justiça a ambos os dados: científicos e bíblicos.

O outro tema importante acerca da criação e da ciência é a questão do desenvolvimento. Os evolucionistas alegam que a vida originou-se por meio de um conjunto de fatores acidentais e que, por um processo conhecido como “seleção natural”, todas as espécies que hoje existem derivaram de um organismo simples. Os criacionistas que crêem no “fiat” insistem que Deus criou diretamente, no princípio, todas as espécies que existiriam e que não há evolução. Os evolucionistas teístas alegam que Deus criou primeiro organismo e colocou em seu universo o processo pelo qual a vida se desenvolveu de acordo com as leis científicas, talvez ajudados em alguns pontos pela intervenção de Deus.

A criação do Homem:

Somente o homem pode partilhar de um relacionamento pessoal, voluntário e consciente com Deus.

O Significado dos termos imagem e semelhança (Gn 1.26): Isso não significa que o homem seria fisicamente igual a Deus, já que Deus é espírito (Jo 4.24), mas segundo entende-se por duas palavras distintas que têm o mesmo significado para deixar bem claro que a humanidade tem uma semelhança exata ao do seu criador. (Ex. beleza e formosura). A imagem de Deus é intrínseca à humanidade, onde não seríamos humanos sem ela. Isso significa que ao homem foi dispensada algumas características peculiares para o distinguir do demais da criação:

a) Personalidade: o homem foi criado como um ser pessoal que tem consciência e determinação própria;

b) Justiça e santidade: o homem tem um desejo inerente de relacionar-se com o criador, com um senso de consciência entre o certo e o errado, o bem e o mal;

c) Liberdade: que pressupõe responsabilidade. Deus criou o homem livre e responsável por seus atos (Gn 2.16-17; 3.6-14);

d) Conhecimento espiritual: Adão, antes de pecar, tinha uma compreensão genuína a respeito de Deus, embora não plenamente, pois nunca chegaremos a tal conhecimento de Deus;

e) Imortalidade: o homem foi criado para viver eternamente;

f) Domínio sobre a natureza;

g) um ser espiritual.

Porém o homem caiu, distanciando-se do seu criador, privando-se desse relacionamento próximo, agora, isso só é possível através do sacrifício do Filho.

Providência:

Por definição entende-se que Deus está continuamente envolvido com todas as coisas criadas de forma tal que as preserva como elementos existentes, que conservam as propriedades com que ele os criou; coopera com as coisas criadas em cada ato, dirigindo as suas propriedades características a fim de fazê-las agir como agem; e as orienta no cumprimento dos seus propósitos.

Dentre dessa doutrina está a Preservação; Cooperação e Governo do Criador.

Preservação: é Deus mantendo a existência de Sua criação. Isso envolve a proteção divina de sua criação, evitando danos e destruição, e sua provisão para as necessidades dos elementos ou dos membros da criação. (Nm 9.6; Sl 104. 5, 13, 20-30; Mt 6.26-33; Cl 1.17; Hb 1.3).

Cooperação: Deus coopera com as coisas criadas em cada ato, dirigindo as suas propriedades características a fim de fazê-las agir como agem. (Sl 135.6; 148. 8; Jó 37.6-13; 38.22-30; Ef 1.11 – “faz”, num sentido de “elabora”, “realiza”). Governo: Deus tem um propósito em tudo o que faz no mundo, e providencialmente governa ou dirige todas as coisas a fim de que cumpram esses propósitos divinos. Se dá através:

  • o universo em geral (Sl 103. 19; Dn 4.35; Ef 1.11;
  • o mundo físico (Jó 37.5, 10; Sl 104.14; Mt 5.45; 6.30;
  • a criação bruta (animais) (Sl 104.21-28; Mt 10.29);
  • os negócios das nações (Jó 12.23; Sl 66.7; At 17.26);
  • o nascimento do homem e o destino da vida ( I Sm 16.1; Sl 139.16; Gl 1.15-16);
  • Os sucessos e processos exteriores da vida dos homens (Sl 75.6-7; Lc 1.52);
  • As coisas aparentemente acidentais ou casuais (Pv 16.33; Mt 10.30);
  • A proteção dos justos (Sl 4.8; Rm 8.28);
  • O suprimento das necessidades do povo de Deus (Gn 22.8; Dt 8.3; Fp 4.19);
  • O desmascaramento e punição do ímpio (Sl 7.12-13; 11.6).

 

Decretos de Deus e as ações humanas:

São desígnios divinos eternos por meio dos quais, antes da criação do mundo, ele determinou realizar tudo o que acontece (Sl 139.16; Jó 14.5; At 2.23; Ef 2.10).

E como fica a questão da oração? Ensinos bíblicos sobre a oração: A Escritura que o plano de Deus é definido e fixo e não está sujeito a revisões e recebemos a ordem de orar e aprendemos que a oração é eficaz (Tg 5.16). Observa-se que em vários casos (Mt 8.5-13; 9.18-22), quando Deus deseja o fim, ele também deseja o meio, ou seja, em parte, Deus deseja a cura desejando que os necessitados tragam suas súplicas. Desse modo, a oração não muda o que ele se propôs a fazer, mas antes, é o meio pelo qual ele atinge o seu alvo.

A providência não invalida a responsabilidade humana em suas ações, pois assim, como determina a oração como meio, em muitos casos, de atuação e intervenção em determinados casos, providenciando, ou melhor, privilegiando a humanidade na participação de acontecimentos, assim mesmo, acontecesse com as ações humanas. Deus determinou que nossos atos causam efeitos, acontecimentos no curso da história e para que eles sejam bons, devemos estar sintonizados com os de Deus. (II Sm 10.12; At 18.9-10; II Tim 2.10).

 

CRISTOLOGIA

 

Ao comentar sobre a vida, morte e ressurreição de Cristo, os teólogos apresentam dois estados importantes na vida de Cristo, o de humilhação (encarnação, sofrimento, morte e sepultamento) e o de exaltação (ressurreição, ascensão ao céu, sentar-se à destra de Deus e volta com poder e glória).

Deus não tinha nenhuma necessidade e muito menos obrigação em salvar a humanidade, mas por conta do seu amor, decidiu salvar “alguns” seres humanos e em várias passagens indicam nas Escrituras que não havia outra maneira de Deus salvar a humanidade senão pela morte de Seu Filho, portanto, a expiação fora necessária (Mt 26.39).

Estado de humilhação (Fl 2.7-8): Aqui aparece dois aspectos: o “esvaziamento”, que consiste em renunciar à Sua majestade divina para assumir a natureza humana em forma de servo; e a humilhação, onde Ele se sujeitou às exigências e à maldição da Lei, se tornando obediente em ações e sofrimento. Por conta desse “rebaixamento“, deixando a Sua glória para assumir a forma humana (Gl 4.4) assumiu a penalidade humana, daí a eficácia do seu sacrifício. Não significa que deixou suas características essenciais (infinito, imutável…). Significa que Ele renunciou à capacidade de exercer alguns de seus atributos divinos enquanto encarnado.

Era semelhante ao Pai:

  • Jesus era preexistente (Jo 1.1; 6.38; II Cor 8.9);
  • Igualmente eternos (Jo 17.5, 24);
  • Iguais em honra e glória (Jo 5.23; 17.1, 4-5);
  • Iguais em poder (Jo 1.3; 5.21);
  • Iguais em perfeição (Hb 7.28; Mt 5.48);
  • Igualmente dignos de adoração (Mt 4.10; 14.33).

A encarnação foi necessária por conta da queda do homem, para trazê-lo de volta ao convívio, à comunhão com o Pai, passando a eternidade com Ele.

Os sofrimentos de Cristo: Além de obedecer à Lei de modo perfeito por toda a sua vida em nosso favor. Cristo tomou também sobre si mesmo os sofrimentos necessários para pagar a penalidade pelos nossos pecados (Is 53.3; Hb 5.8; 12.3-4).

A dor sofrida por Jesus foi:

a) física e morte: Não precisamos sustentar que Jesus sofreu mais dor física que qualquer ser humano jamais sofreu, pois em nenhuma passagem a Bíblia faz tal alegação. Mas ainda não podemos esquecer que a morte por crucificação era uma das formas mais horríveis de execução que o homem jamais inventou. Disse certo médico sobre a morte na cruz:

“A expiração adequada exigia que o corpo fosse suspenso, pressionando-o sobe os pés e flexionando os cotovelos(…) Entretanto, essa manobra colocaria todo o peso do corpo sobre os tarsais e produziria dor ardente. Além disso, a flexão dos cotovelos causaria a rotação dos pulsos ao redor dos pregos de ferro e causaria dor lancinante ao longo dos nervos medianos afetados (…) Câimbras nos músculos e parestesias nos braços estendidos e suspensos aumentava o desconforto. Como resultado, cada esforço respiratório se tornava agonizante e extenuante e levava por fim a asfixia”.

  • de carregar o pecado da humanidade: (Is 53.6, 12; Jo 1.29; II Cor 5.21; Gl 3.13; Hb 9.28). Ele assumiu o pecado da raça humana, embora não nunca houvesse pecado, se fez pecado para nos dar a salvação eterna;
  • Abandono: A dor física da crucificação e a dor de carregar sobre si mesmo o mal absoluto de nossos pecados foram agravadas pelo fato de Jesus ter enfrentado essa dor sozinho. Abandonado pelos discípulos (Mc 14.34; Mt 26.56), como pelo Pai (Hc 1.13; Mt 27.46);
  • A dor de suportar a ira de Deus: Rm 3.25-26 – “propiciação” significa “sacrifício que sofre a ira de Deus até o fim e, dessa maneira, transforma a ira de Deus contra nós em favor”. Toda a ira de pelos pecados da humanidade foram derramados sobre o Filho.

Cristo sofreu definitivamente pelo pecado humano, fora um sacrifício suficiente para alcançar a todos os pecados em todas as eras.

Exaltação: A ira de Deus não permaneceu sobre o Filho, após o sacrifício, foi cumprida a pena que estava sobre Ele.

  • ressurreição: a ressurreição de Cristo tem significado tríplice: constitui uma declaração do Pai de que o último inimigo tinha sido vencido, a pena tinha sido cumprida; foi o símbolo daquilo que estava destinado a suceder aos membros do corpo místico de Cristo em sua justificação (Rm 6.4-9; 8.11; I Cor 6.14; 15.20-22; II Cor 4.10; Cl 2.12) e por fim, relacionou-se também instrumentalmente com a justificação, a regeneração e a ressurreição final dos crentes (Rm 4.25; 5.10; Ef 1.20; Fp 3.10; I Pe 1.3). A morte de Jesus foi o ponto “baixo” em sua humilhação; já a vitória sobre a morte, por meio da ressurreição, foi o primeiro passo de retorno ao processo de sua exaltação.
  • A Ascensão e o assento à destra do Pai: o primeiro passo na humilhação de Jesus implicou renunciar à posição que ocupava no céu e entrar nas condições do mundo; o segundo passo da exaltação implicou deixar as condições da terra e assumir seu lugar junto ao Pai (Mt 26.64; Jo 6.62; 14.2,12; 20.17; Lc 24.50-51; At 1.6-11; 2.33-36; Ef 1.20; 4.8-10; Hb 1.3; 4.14; 9.24). Enquanto Cristo está à destra de Deus, não é apenas um recebedor passivo do domínio e do poder, majestade e glória divinos, mas está ativamente engajado na continuação da Sua obra mediatária.
  • O regresso de Cristo: passagens sobre o seu regresso à terra: Mt 24.3, 27, 37, 39; Jo 14-16; I Cor 15.23; I Ts 2.19; 3.13; 4.15; II Ts 2.1; Tg 5.7; II Pe 3.4 e em vários outros mostram que o propósito da volta de Jesus se dará com o objetivo de julgar o mundo e aperfeiçoar a salvação do seu povo (Mt 24.30-31; 25.31-46) por isso somos incitados a perseverar e aguardar essa promessa.

Os ofícios de Cristo: explica-se o fato de Cristo ter sido ungido para um tríplice ofício com o fato de que o homem foi originariamente destinado ao exercício desse tríplice ofício e respectiva obra, profeta, sacerdote e rei.

  • Jesus como profeta: era dever dos profetas revelar a vontade de Deus ao povo. Isto podia ser feito na forma de instrução, admoestação e exortação, promessas gloriosas ou censuras severas. Ele predito como profeta em Dt 18.15-18. Há ainda outras passagens que atestam essa função: Mt 24.3-35 Lc 13.33; 19.41-44; Jo 8.26-28; 12.49; 14.10,24.
  • Jesus como sacerdote: a obra sacrificial de Cristo foi dupla, de acordo com as Escrituras. Sua tarefa máxima foi de oferecer um sacrifício suficiente de uma vez por todas pelos pecados da humanidade. O sacerdote tinha como função primordial aproximar os homens à Deus, intercedendo constantemente pelo povo. (Hb 4.14; 7.27; 9.12, 24-28; 10.1-2, 10-14; 13.12).
  • Jesus como rei: Jesus nasceu para ser o Rei dos judeus (Mt 2.2), mas recusou todas as tentativas de fazerem dele um líder político e militar (Jo 6.15), mas um dia voltará como o sumo rei (Mt 26.64; II Ts 1.7-10; Ap 19.11-6), onde todos se dobrarão (Fp 2.10).

SOTERIOLOGIA

Consiste na doutrina que estuda a salvação do homem e se dá de acordo com o seguinte processo:

O chamado eficaz

Quando Paulo diz “Aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou” (Rm 8.30), indica que o chamado é um ato de Deus. De fato, é especificamente um ato de Deus Pai, porque ele é o único que predestina as pessoas “para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Outros versículos descrevem mais plenamente o que é esse chamado. Quando Deus chama as pessoas dessa maneira poderosa, ele as chama “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9); ele as chama “à comunhão de seu Filho” (1Co 1.9; cf. At 2.39) e “para o seu reino e glória” (1Ts 2.12; cf. 1Pe 5.10, 2Pe 1.3).

 Os elementos do chamado do evangelho

Na pregação humana do evangelho, três elementos importantes devem ser incluídos.

1. Explicação dos fatos concernentes à salvação.

Qualquer pessoa que vem a Cristo para receber salvação deve ter um entendimento básico de quem ele é e de como satisfaz nossas necessidades de salvação. Portanto uma explicação dos fatos concernentes à salvação deve incluir o seguinte:

1. Todas as pessoas pecaram (Rm 3.23).

2. A pena pelos nossos pecados é a morte (Rm 6.23).

3. Jesus Cristo morreu para pagar a pena pelos nossos pecados (Rm 5.8).

Entretanto, entender esses fatos e mesmo concordar que eles são verdadeiros não é suficiente para uma pessoa ser salva. Tem de haver também um convite para uma resposta pessoal da parte do indivíduo, que se arrependerá de seus pecados e confiará pessoalmente em Cristo.

2. Convite para entregar-se à Cristo pessoalmente com arrependimento e fé.

Quando o Novo Testamento fala sobre pessoas recebendo salvação, fala em termos de uma resposta pessoal a um convite da parte do próprio Cristo. Esse convite é expresso com grande beleza pelas palavras de Jesus:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11.28-30).

 

É importante deixar claro que essas não são apenas palavras pronunciadas há muito tempo por um líder religioso do passado. Todo não cristão ao ouvir essas palavras deve sentir-se encorajado a pensar nelas como palavras que Jesus Cristo agora mesmo, bem neste momento, está falando a ele individualmente. Jesus Cristo é um Salvador que está agora vivo no céu, e todo não cristão deve pensar em Jesus como falando diretamente a ele, dizendo “Vinde a mim […] e encontrareis descanso” (Mt 11.28). Esse é o convite pessoal genuíno que espera uma resposta pessoal de cada um que o recebe.

3. Uma promessa de perdão e vida eterna.

Embora as palavras do convite pessoal pronunciadas por Cristo contenham promessas de descanso e poder para nos tornarmos filhos de Deus, além das promessas de compartilharmos da água da vida, é bom deixar claro o que Cristo promete aos que se achegam a ele com arrependimento e fé. A principal promessa na mensagem do evangelho é o perdão dos pecados e a vida eterna com Deus. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). E também Pedro ao pregar o evangelho diz: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3.19; cf. 2.38).

A importância do chamado do evangelho

A doutrina do chamado do evangelho é importante, porque se não houvesse o chamado do evangelho não seríamos salvos. “Como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Rm 10.14).

O chamado do evangelho é importante também porque através dela Deus dirige-se a nós levando em conta a plenitude de nossa humanidade. Ele não nos salva “automaticamente” sem buscar uma resposta da nossa parte como pessoas integrais.

Conversão (Fé e Arrependimento)

Podemos definir conversão da seguinte maneira: Conversão é nossa resposta espontânea ao chamado do evangelho, pela qual sinceramente nos arrependemos dos nossos pecados e colocamos a confiança em Cristo para receber a salvação.

A verdadeira fé salvífica inclui conhecimento, aprovação e confiança pessoal

1. Mero conhecimento não basta.

Fé salvífica pessoal, conforme as Escrituras a entendem, envolve mais do que apenas conhecimento. Naturalmente é necessário que tenhamos algum conhecimento de quem Cristo é e do que ele fez, porque “como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Rm 10.14). Mas conhecimento sobre os fatos da vida, morte e ressurreição de Jesus não é o bastante para nós, porque as pessoas podem conhecer os fatos, mas rebelar-se contra eles ou não gostar deles.

2. Conhecimento e aprovação não são suficientes.

Além disso, meramente conhecer os fatos e aprová-los ou concordar que eles são verdadeiros não é suficiente. Nicodemos sabia que Jesus tinha vindo de Deus, porque disse: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2). Nicodemos tinha avaliado os fatos da situação, incluindo os ensinos de Jesus e seus milagres notáveis, e chegado a uma conclusão correta a partir desses fatos: Jesus era um mestre vindo de Deus. Mas isso somente não significa que Nicodemos tinha fé salvífica, porque ele ainda tinha de depositar sua confiança em Cristo para receber a salvação; ele ainda tinha de “crer nele”.

3. Preciso decidir depender de Jesus para me salvar.

Além do conhecimento dos fatos do evangelho e da aprovação deles, a fim de ser salvo, preciso decidir depender de Jesus para me salvar. Ao fazer isso, deixo a posição de um observador interessado nos fatos da salvação e nos ensinos da Bíblia para tornar-me alguém que entra numa nova comunhão com Jesus Cristo como uma pessoa viva. Podemos, portanto, definir fé salvífica da seguinte maneira: Fé salvífica é confiança em Jesus Cristo como uma pessoa viva visando ao perdão dos pecados e à vida eterna com Deus.

4. A fé deve aumentar à medida que nosso conhecimento aumenta.

Contrário ao entendimento comum e secular de “fé”, a verdadeira fé do Novo Testamento não é algo que se torna mais forte por meio da ignorância ou acreditando-se contra todas as evidências. Antes, a fé salvífica é coerente com o conhecimento e com o verdadeiro entendimento dos fatos. Paulo diz: “A fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm 10.17 nvi). Quando as pessoas têm informações verdadeiras sobre Cristo, elas estão mais bem capacitadas a depositar sua confiança nele. Além disso, a maioria de nós conhece algo sobre ele e sobre o caráter de Deus que é completamente revelado nele; a maioria de nós tem todos os motivos para depositar nossa confiança nele. Assim, a fé não é enfraquecida pelo conhecimento, mas deve aumentar com mais conhecimento verdadeiro.

A fé e o arrependimento devem vir juntos

Podemos definir arrependimento da seguinte maneira: Arrependimento é uma sincera tristeza por causa do pecado, é renunciá-lo e comprometer-se sinceramente a abandoná-lo, e prosseguir obedecendo a Cristo.

Essa definição indica que o arrependimento é algo que ocorre em um momento específico do tempo, que não corresponde necessariamente ao momento da visível transformação no padrão de vida da pessoa. O arrependimento, assim como a fé, é um entendimento intelectual (de que o pecado é errado), uma aprovação emocional dos ensinos das Escrituras concernentes ao pecado (uma tristeza por causa do pecado e uma aversão a ele), e uma decisão pessoal de afastar-se dele (um renunciar ao pecado e uma decisão resoluta de abandoná-lo e de levar uma vida de obediência a Cristo).

Tanto a fé como o arrependimento continuam por toda a vida

Embora consideremos a fé e o arrependimento iniciais como os dois aspectos da conversão no começo da vida cristã, é importante compreender que eles não se limitam ao começo da vida cristã. Ao contrário, são atitudes do coração que continuam por toda a nossa vida como cristãos. Jesus diz a seus discípulos que orem diariamente: “E perdoa-nos os nossos pecados assim como temos perdoado àqueles que pecam contra nós” (Mt 6.12, tradução do autor), uma oração que, se for legítima, certamente envolverá tristeza diária por causa do pecado e arrependimento genuíno. E o Cristo ressurreto diz à igreja em Laodicéia: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19; cf. 2Co 7.10).

Regeneração

Podemos definir regeneração da seguinte maneira: Regeneração é um ato secreto de Deus pelo qual ele nos concede nova vida espiritual. Isso é às vezes chamado “nascer de novo” (na linguagem de João 3.3-8).

 A regeneração é uma obra exclusivamente de deus

Em alguns componentes da aplicação da redenção que discutiremos nos próximos capítulos, desempenhamos uma parte ativa (isso é verdadeiro, por exemplo, no que diz respeito à conversão, santificação e perseverança). Mas na obra de regeneração não desempenhamos papel algum. Ao contrário, é uma obra exclusivamente de Deus. Vemos isso, por exemplo, quando João fala a respeito daqueles a quem Cristo deu poder de se tornarem filhos de Deus – eles “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13). Aqui João especifica que os filhos de Deus são os que “nasceram […] de Deus” e que nossa vontade humana (“a vontade do homem”) não realiza esse tipo de nascimento.

 A natureza exata da regeneração é um mistério para nós

O que ocorre na regeneração de forma exata é um mistério para nós. Sabemos que de algum modo nós, que estivemos espiritualmente mortos (Ef 2.1), fomos vivificados por Deus e num sentido muito verdadeiro “nascemos de novo” (Jo 3.3, 7; Ef 2.5; Cl 2.13). Mas não entendemos como isso ocorre ou o que exatamente Deus faz para nos dar essa nova vida espiritual. Jesus diz: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).

 Nesse sentido de “regeneração”, ela vem antes da fé salvífica.

Usando os versículos citados acima, definimos a regeneração como o ato de Deus de despertar a vida espiritual dentro de nós, trazendo-nos da morte espiritual para a vida espiritual. Sobre essa definição, é natural entender que a regeneração vem antes da fé salvífica. De fato, é essa obra de Deus que nos dá capacidade espiritual para responder a Deus com fé. Entretanto, quando dizemos que ela vem “antes” da fé salvífica, é importante lembrar que elas aparecem tão juntas que geralmente nos parecerá que estão ocorrendo ao mesmo tempo. Assim que Deus nos dirige o chamado eficaz do evangelho, ele nos regenera, e respondemos com fé e arrependimento a esse chamado. Assim, da nossa perspectiva é difícil perceber qualquer diferença no tempo, especialmente porque a regeneração é uma obra espiritual que não podemos perceber com nossos olhos nem mesmo entender com nossa mente.

 A regeneração genuína deve produzir resultados na vida

Na seção anterior vimos um belo exemplo do primeiro resultado da regeneração na vida de uma pessoa, quando Paulo pregou a mensagem do evangelho a Lídia, a quem “o Senhor abriu o coração para atender às cousas que Paulo dizia” (At 16.14; cf. Jo 6.44, 65; 1Pe 1.3). De modo semelhante, João diz: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1Jo 5.1 nvi). Mas também há outros resultados da regeneração, muitos dos quais especificados na primeira epístola de João. Por exemplo: “Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9 nvi) Aqui João explica que a pessoa que nasceu de novo tem essa “semente” espiritual (que faz gerar a vida e crescer o poder) dentro dela, e que isso tudo mantém-na levando uma vida isenta do pecado contínuo. Naturalmente, isso não significa que a pessoa terá uma vida perfeita, mas que o padrão da vida não será de contínua indulgência em pecado.

Justificação (Direito Legal de Estar Diante de Deus)

 Justificação inclui uma declaração legal da parte de Deus

O uso na Bíblia da palavra justificar indica que a justificação é uma declaração legal da parte de Deus. No Novo Testamento o verbo justificar em grego, tem uma variedade de significados, mas um sentido muito comum é “declarar justo”. Por exemplo, lemos: “Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizado com o batismo de João” (Lc 7.29). Naturalmente o povo e os publicanos não tornaram Deus justo – fazê-lo seria impossível para quem quer que seja.

 Deus nos declara justos à vista dele

Na declaração legal de justificação da parte de Deus, ele declara especificamente que somos justos à vista dele. Essa declaração envolve dois aspectos. Primeiro, significa que ele declara que nós não temos penalidade a pagar pelo pecado, incluindo os pecados do presente, do passado e do futuro. Após uma longa discussão sobre a justificação somente pela fé (Rm 4.1-5.21) e depois de uma discussão parentética sobre o pecado remanescente na vida cristã, Paulo retorna a seu argumento principal no livro de Romanos e fala a verdade sobre os que foram justificados pela fé: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

 

 Deus pode declarar-nos justos porque ele nos imputa a justiça de Cristo

Quando dizemos que Deus nos imputa a justiça de Cristo, queremos dizer que Deus considera a justiça de Cristo como pertencente a nós. Ele a “credita” em nossa conta. Lemos: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça” (Rm 4.3, citando Gn 15.6 nvi). Paulo explica: “Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. E é assim que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras” (Rm 4.5-6). Desse modo, a justiça de Cristo tornou-se nossa. Paulo diz que somos os que recebemos “o dom da justiça” (Rm 5.17).

 A justificação chega a nós inteiramente pela graça de Deus, não por causa de algum mérito em nós mesmos

Depois que Paulo declara em Romanos 1.18-3.20 que ninguém será capaz de tornar-se justo diante de Deus (“visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei”, Rm 3.20), então continua a explicar: “… pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.23-24). A “graça” de Deus significa seu “favor imerecido”. Porque nós somos completamente incapazes de merecer o favor de Deus, a única maneira pela qual poderíamos ser declarados justos é se Deus gratuitamente nos proporcionasse a salvação pela graça, totalmente à parte de nossas obras.

 Deus nos justifica por meio de nossa fé em Cristo

Quando começamos este capítulo notamos que a justificação vem depois da fé salvífica. Paulo torna clara essa seqüência quando diz: “Temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl 2.16). Aqui Paulo indica que a fé vem primeiro com o propósito de sermos justificados. Ele também diz que Cristo é “propiciação, mediante a fé” e que Deus “é o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.25, 26). O capítulo 4 inteiro de Romanos é uma defesa do fato de que somos justificados pela fé, não por obras, assim como Abraão e Davi o foram. Paulo diz: “Justificados, pois, mediante a fé” (Rm 5.1).

 

Adoção (Filiação na Família de Deus)

Na regeneração Deus nos dá uma nova vida espiritual interior. Na justificação dá-nos o direito legal de estar diante dele. Mas na adoção Deus nos faz membros de sua família. Portanto, o ensino bíblico sobre a adoção concentra-se muito mais na comunhão pessoal com Deus e com o seu povo que a salvação nos dá.

Evidências bíblicas da adoção

Podemos definir adoção da seguinte maneira: adoção é um ato de Deus por meio do qual ele nos faz membros de sua família.

João menciona a adoção no começo do seu evangelho, em que diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12). Em contraste com isso, aqueles que não crêem em Cristo não são filhos de Deus nem adotados na sua família, mas são “filhos da ira” (Ef 2.3) e “filhos da desobediência” (Ef 2.2; 5.6).

 A adoção segue a conversão e é resultado da fé salvífica

Podemos inicialmente pensar que nos tornaríamos filhos de Deus pela regeneração, visto que a imagem de ser “nascido de novo” na regeneração faz-nos pensar a respeito de filhos nascidos numa família humana. Mas o Novo Testamento nunca associa a adoção com a regeneração: de fato a idéia de adoção é oposta à idéia de ser nascido em uma família!

Os privilégios da adoção

Os benefícios ou privilégios que acompanham a adoção são vistos primeiramente no modo como Deus se refere a nós e também no modo como nós nos referimos uns aos outros como irmãos e irmãs na família de Deus.

Indica que fomos perdoados (Ef. 4.32);

Indica que fomos reconciliados.

Não somos presos à Lei ou ao pecado.

Um dos maiores privilégios da nossa adoção é a possibilidade de falar com Deus e de nos referirmos a ele como um Pai bom e amoroso. Nós oramos: “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6.9), e compreendemos que “já não somos escravos, porém filhos” (Gl 6.7). Portanto, agora dirigimo-nos a Deus não como um escravo se dirige ao senhor de escravos, mas como um filho se dirige ao pai. De fato, Deus nos dá um testemunho interno oriundo do Espírito Santo que faz com que instintivamente chamemos Deus de nosso Pai. “Mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.

A disciplina é um dos aspectos da adoção (Hb 12.7).

Santificação (Tornar-se Semelhante a Cristo)

A santificação é algo que continua por toda nossa vida cristã. O curso normal da vida do cristão envolve contínuo crescimento na santificação, e essa é uma questão para a qual o Novo Testamento nos encoraja a dar atenção e por ela demonstrar zelo.

 Os três estágios da santificação:

1. A santificação tem um começo definido na regeneração.

Uma mudança moral definida ocorre em nossa vida no momento da regeneração, porque Paulo fala sobre o “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Uma vez nascidos de novo não podemos continuar pecando como um hábito ou como um padrão de vida (1Jo 3.9), porque o poder da nova vida espiritual em nós impede-nos de render-nos a uma vida de pecados.

2. A santificação aumenta por toda a vida.

Ainda que o Novo Testamento fale sobre um começo definido da santificação, também a vê como um processo que continua por toda nossa vida cristã. Geralmente esse é o sentido principal com que o termo santificação é usado na teologia sistemática e nas conversas cristãs de hoje.  Embora Paulo diga que seus leitores foram libertados do pecado (Rm 6.18) e que estão “mortos para o pecado, mas vivos para Deus” (Rm 6.11), ele todavia reconhece que o pecado permanece na vida deles; por essa razão, aconselha-os a não deixá-lo reinar e a nem se renderem a ele (Rm 6.12-13).

3. A santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor retornar (em nosso corpo).

Por causa do pecado que ainda permanece em nosso coração, embora tendo-nos tornado cristãos (Rm 6.12-13; 1Jo 1.18), nossa santificação nunca se completará nesta vida (veja abaixo). Mas uma vez que morramos e estejamos com o Senhor, então nossa santificação se completa nesse sentido, porque nossa alma é libertada do pecado que habita em nós aperfeiçoada. O autor de Hebreus diz que quando chegamos à presença de Deus para adorar, chegamos “aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23). Isso é bem apropriado, porque prevê o fato de que “nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada” na presença de Deus, a cidade celestial (Ap 21.27).

4. A santificação nunca se completará nesta vida.

Sempre houve na história da igreja quem tomasse mandamentos como Mateus 5.48 (“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”) ou 2Coríntios 7.1 (“purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”) e raciocine que, visto que Deus nos dá esses mandamentos, ele deve-nos dar também a capacidade de obedecer perfeitamente. Portanto, concluem, é-nos possível alcançar um estado de perfeição sem pecado nesta vida. Além disso, eles apontam para a oração de Paulo pelos tessalonicenses, “o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” (1Ts 5.23), e inferem que a oração de Paulo pode bem ter sido cumprida por alguns cristãos tessalonicenses. De fato, João igualmente diz: “Todo aquele que permanece nele não vive pecando” (1Jo 3.6)! Não indicam esses versículos a possibilidade da perfeição sem pecado na vida de alguns cristãos? Nesta discussão usarei o termo perfeccionismo para referir-me a essa visão de que a perfeição sem pecado é possível nesta vida.

Deus e o homem cooperam na santificação

Alguns (tais como John Murray) recusam-se a dizer que Deus e o homem “cooperam” na santificação, porque eles querem insistir que a obra de Deus é fundamental e nossa obra na santificação é apenas algo secundário (veja Fp 2.12-13). Entretanto, se expusermos claramente a natureza do papel de Deus e do nosso papel na santificação, não parece impróprio dizer que Deus e o homem cooperam na santificação. Deus atua na nossa santificação e nós também, tudo com o mesmo propósito.

1. A papel de Deus na santificação.

Visto que a santificação é principalmente uma obra de Deus, a oração de Paulo torna-se apropriada: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” (1Ts 5.23). Um papel específico de Deus Pai na santificação é seu processo de nos disciplinar como seus filhos (veja Hb 12.5-11). Paulo diz aos filipenses que “Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13), mostrando assim um pouco da maneira como Deus os santifica – tanto causando neles o querer sua vontade como dando-lhes poder para fazê-la. O autor de Hebreus fala sobre o papel do Pai e sobre o papel do Filho numa bênção conhecida: “Ora, o Deus da paz […] vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre” (Hb 13.20-21).

2. O nosso papel na santificação.

O papel que desempenhamos na santificação é tanto passivo, pelo qual dependemos de que Deus nos santifique, como ativo, pelo qual nos esforçamos para obedecer a Deus e dar os passos que aumentarão a nossa santificação. Podemos considerar agora os dois aspectos de nosso papel na santificação.

Primeiro, aquele que pode ser chamado papel “passivo” que desempenhamos na santificação é visto em textos que nos encorajam a confiar em Deus ou a orar pedindo que ele nos santifique. Paulo fala a seus leitores romanos: “Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos” (Rm 6.13; cf. v. 19), e também: “… apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1). Paulo compreende que somos dependentes da obra do Espírito Santo para crescer na santificação, porque ele diz: “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13).

A santificação afeta a pessoa como um todo

Percebemos que a santificação afeta nosso intelecto e nosso conhecimento quando Paulo diz que nos revestimos do novo homem “que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). Ele ora para que os filipenses possam ver seu próprio amor aumentando “mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção” (Fp 1.9). E roga aos cristãos romanos que se transformem “pela renovação da vossa mente” (Rm 12.2). Embora nosso conhecimento de Deus seja mais do que conhecimento intelectual, há certamente um componente intelectual nele, e Paulo diz que esse conhecimento de Deus deve continuar aumentando durante nossa vida: uma vida “de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado” é uma vida que está continuamente “crescendo no pleno conhecimento de Deus” (Cl 1.10).

A Perseverança dos Santos (Conservar-se Cristão)

Até aqui a nossa análise já abordou muitos aspectos da plena salvação que Cristo conquistou para nós e que o Espírito Santo agora aplica a nós. Mas como saber que continuaremos cristãos até o fim da vida? Será que há alguma coisa que nos impeça de nos afastar de Cristo, algo que garanta que nos conservaremos cristãos até a morte e que de fato viveremos com Deus no céu para sempre? Ou será possível que nos afastemos de Cristo e percamos as bênçãos da salvação? O tema da perseverança dos santos trata dessas questões. Pela perseverança dos santos, todos aqueles que verdadeiramente nasceram de novo serão guardados pelo poder de Deus e perseverarão como cristãos até o final da vida, e só aqueles que perseverarem até o fim realmente nasceram de novo.

 Todos os que verdadeiramente nasceram de novo perseverarão até o fim

Muitas passagens pregam que aqueles que verdadeiramente nasceram de novo, que são realmente cristãos, continuarão na vida cristã até a morte, e então viverão com Cristo no céu (Jo 6.38-40).

Aqui diz Jesus que todos os que crêem nele terão vida eterna. Diz que irá ressuscitar essa pessoa no último dia — o que, nesse contexto de crer no Filho e ter vida eterna, significa claramente que Jesus ressuscitará essa pessoa para a vida eterna ao lado dele (não somente a ressuscitará para juízo e condenação). Parece difícil evitar a conclusão de que todos os que verdadeiramente crêem em Cristo permanecerão cristãos até o dia da ressurreição final para as bênçãos da vida na presença de Deus. Além disso, esse texto enfatiza que Jesus faz a vontade do Pai, ou seja, “que nenhum eu perca de todos os que me deu” (Jo 6.39). Reafirma-se então: os que foram dados ao Filho pelo Pai não se perderão.

Só aqueles que perseverarem até o fim realmente nasceram de novo

Embora as Escrituras vez após vez ressaltem que os que verdadeiramente nasceram de novo perseverarão até o fim e por certo terão a vida eterna no céu ao lado de Deus, outras passagens falam da necessidade de persistir na fé por toda a vida. Elas nos fazem perceber que aquilo que Pedro disse em 1Pedro 1.5 é verdade: que Deus não nos guarda independentemente da nossa fé, mas só age mediante a nossa fé; ou seja, possibilita que continuemos a crer nele. Desse modo, aqueles que persistem na fé em Cristo ganham a certeza de que Deus age neles e os guarda.

 Aqueles que acabam se afastando podem dar muitos sinais exteriores de conversão

Será sempre fácil distinguir os membros da igreja que têm autêntica fé salvífica daqueles que têm apenas um convencimento intelectual da verdade do evangelho, mas não a autêntica fé no coração? Não, nem sempre é fácil, e a Bíblia afirma em várias passagens que descrentes em aparente comunhão com a igreja podem dar alguns sinais ou indicações exteriores que os façam parecer crentes verdadeiros. Por exemplo, Judas, que traiu Cristo, deve ter agido quase exatamente como os outros discípulos durante os três anos em que esteve com Jesus. Tão convincente era a sua conformidade à conduta dos outros discípulos que ao final dos três anos de ministério de Jesus, quando ele declarou que um dos seus discípulos o trairia, nem todos suspeitaram de Judas, mas “começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor?” (Mt 26.22; cf. Mc 14.19; Lc 22.23; Jo 13.22).

O que pode dar ao crente a plena segurança?

Se é verdade, como explicamos na seção anterior, que os descrentes que finalmente optam pela apostasia podem dar muitos sinais exteriores de conversão, então o que servirá como prova de uma conversão genuína? O que pode dar plena certeza ao crente autêntico? Podemos relacionar três categorias de perguntas que a pessoa poderia fazer a si mesma.

1. Será que confio hoje na salvação de Cristo?

Paulo diz aos colossenses que eles serão salvos no último dia, “se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes” (Cl 1.23). O autor de Hebreus diz: “Nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos” e incentiva os seus leitores a imitar aqueles “que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas” (Hb 6.12). De fato, o versículo mais famoso de toda a Bíblia usa um verbo no presente e pode ser assim traduzido: “… todo aquele que continuar crendo nele” terá a vida eterna (ver Jo 3.16).

2. Há porventura no meu coração provas da obra regeneradora do Espírito Santo?

A prova da obra do Espírito Santo no nosso coração surge de muitos modos diferentes. Embora não devamos confiar na demonstração de milagres (Mt 7.22), nem em longas horas ou anos de trabalho numa igreja qualquer (que pode não passar de uma construção feita de “madeira, feno, palha” [nas palavras de 1Co 3.12] que só faz inflar o ego humano ou o poder sobre os outros, ou representa uma tentativa de conquistar méritos perante Deus), existem muitas outras provas da obra autêntica do Espírito Santo no coração da pessoa.

3. Será que percebo uma tendência constante de crescimento na minha vida cristã?

Os primeiros dois fatores de certeza da salvação têm que ver com a fé presente e a prova atual da obra do Espírito Santo em nós. Mas Pedro dá mais um tipo de teste que podemos fazer para verificar se somos crentes autênticos. Ele nos diz que há algumas virtudes que, cultivadas continuamente, garantem que não tropeçaremos “em tempo algum” (2Pe 1.10). Ele aconselha aos seus leitores acrescer à sua fé “virtude […] conhecimento […] domínio próprio […] perseverança […] piedade […] fraternidade […] amor” (2Pe 1.5-7). Depois diz que essas coisas devem existir nos seus leitores, “aumentando” continuamente (2Pe 1.8). Pedro ainda acrescenta que eles devem procurar “com diligência cada vez maior, confirmar a […] vocação e eleição [deles]” e diz depois que “procedendo assim (literalmente, “fazendo essas coisas”, com referência às virtudes mencionadas nos v. 5-7), não tropeçareis em tempo algum” (2Pe 1.10).

Glorificação (Receber o Corpo Ressurreto)

Quando Cristo nos redimiu, ele não redimiu apenas o nosso espírito (ou alma), mas inteiramente, como pessoa, o que inclui a redenção do nosso corpo. Portanto, a extensão da obra redentora de Cristo em nosso favor não estará completa até que nosso corpo seja inteiramente libertado dos efeitos da queda e levado ao estado de perfeição para o qual Deus nos criou. Na verdade, a redenção do nosso corpo acontecerá somente quando Cristo voltar e nos ressuscitar dentre os mortos. Mas no presente momento, Paulo afirma que aguardamos “a redenção de nossos corpos” e acrescenta “pois nessa esperança fomos salvos” (Rm 8.23-24). Referindo-se àquele dia futuro Paulo diz que seremos “glorificados com ele” (Rm 8.17). Além disso, quando Paulo alinha as etapas da aplicação da redenção, a última que ele cita é a glorificação: “… aos quais predestinou também chamou; aos que chamou também justificou; e aos que justificou também glorificou” (Rm 8.30).

 A prova da glorificação no Novo Testamento

A principal passagem do Novo Testamento sobre a glorificação ou a ressurreição do corpo é 1Coríntios 15.12-58. Paulo afirma: “Também em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias, e então na sua vinda os que pertencem a Cristo” (v. 22-23). Paulo discute a natureza do corpo da ressurreição com certo grau de detalhamento nos versículos 35-50, que examinaremos mais adiante na seção C. Ele então conclui a passagem dizendo que nem todos os cristãos morrerão, mas que alguns que permanecerem vivos quando Cristo voltar terão o corpo imediatamente transformado em novo corpo ressurreto, que nunca poderá envelhecer, enfraquecer nem morrer (1Co 15.51-52).

ECLESIOLOGIA

 

Igreja: é uma comunidade de pessoas reunidas pelo sangue de Jesus, que se reúnem com o propósito de cumprirem a vontade de Deus.

OS PROPÓSITOS DA IGREJA

Podemos entender os propósitos da igreja em termos de ministério com relação a Deus, aos cristãos e ao mundo.

1. Ministério com relação a Deus: adorar.

No relacionamento com Deus o propósito da igreja é adorá-lo. Col 3.16; Ef. 1.1-2

2. Ministério com relação aos cristãos: edificar.

De acordo com as Escrituras, a igreja tem a obrigação de nutrir aqueles que já são cristãos e edificá-los à maturidade na fé. Paulo disse que seu próprio alvo não era apenas levar pessoas à fé salvífica inicial, mas sim “apresentar todo homem perfeito (maduro) em Cristo” (Cl 1.28). (Ef 4.12-13) dom como aperfeiçoamento.

3. Ministério com relação ao mundo: evangelização e misericórdia.

Jesus disse aos seus seguidores que eles deveriam “fazer discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Essa obra evangelística de declarar o evangelho é o ministério principal da igreja com relação ao mundo. Lucas 6.35-36 (Devemos ser benignos com ingratos e maus, imitando o mestre).

Natureza ou funções da igreja

  1. Função adoradora. Rom 11.33-36; Ef 3.20-21.
  2. Função Kerigmática (proclamadora). Mt 28.19-20;
  3. Função didática. A igreja tem a função de ensinar os fundamentos da fé cristã. Rom 12.7; Ef 4.11;
  4. Função Koinônia. A igreja tem a função de desenvolver uma atmosfera de amor, perdão e compreensão entre os seus membros. Fp 2.1-4; Col 3.12.
  5. Função diakônica: A igreja tem a função de servir a Deus e a seus membros através de seus dons espirituais. 2° Cor 8.1-3; 1° Ts 5.11/ Gl 6.10.
  6. Função poimênica (cuidar). Tem a função de pastorear os seus membros, cuidando uns dos outros. At 20.28; ITim 4;
  7. Função terapêutica. Tem a função de propiciar cura de seus membros. Ef 4.17; Fl 4.6;
  8. Função apologética: Tem a função de defender seus princípios, doutrinas, as verdades do Evangelho. ITim 3.15.

Oficiais da igreja e formas de governo

Definição: um oficial da igreja é alguém publicamente reconhecido como detentor do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja.

  1. Apóstolos: os apóstolos do Novo Testamento tinham um tipo singular de autoridade na igreja primitiva: autoridade para falar e escrever palavras que eram “palavras de Deus” em sentido absoluto. Não acreditar neles ou desobedecer a eles era o mesmo que não crer em Deus e desobedecer a Deus. Os apóstolos, portanto, tinham autoridade para escrever palavras que se tornaram palavras da Bíblia.
  • Qualificação dos apóstolos: 1. Ter sido comissionado por Cristo como seu apóstolo; 2. Ter sido testemunha ocular de Sua ressurreição. Atos 1.2-3;22; Ap. 21.14. Sentido restrito no NT, aqueles que haviam sido comissionado pelo Senhor, com autoridade de fundar e liderar a igreja primitiva, e podiam falar e escrever a Palavra de Deus.
  1. Presbítero: Atos 14.23. Liderança da igreja local. Também são chamados de “pastores” ou “bispos”. Como “pastor” (pôiman), só ocorre em Ef. 4.11, ficaria melhor, pastores-mestres, não como algo distinto.

Funções: umas das principais é dirigir as igrejas do NT. ITim 5.17.

Qualificações: ITim 3.2-7.

Ordenação: ITim 5.17-22.

  1. Diáconos: palavra grega diakonos, que significa “servo”. Não há especificação de sua função, só a indicação que são diferentes dos bispos. ITim 3.8-13.
  2. Outros cargos: Hoje temos tesoureiros, administradores, ministros de louvor, líder de jovens, conselheiros. O importante é…voltar a definição.

Como devem ser escolhidos os oficiais da igreja?

Há basicamente duas formas: a escolha feita por uma autoridade superior (sucessão apostólica) ou a que se faz pela congregação local.

 

FORMAS DE GOVERNO:

  1. Episcopal: No sistema episcopal, um arcebispo tem autoridade sobre muitos bispos. Estes, por sua vez, têm autoridade sobre uma “diocese”, o que significa simplesmente igrejas sob a jurisdição de um bispo. O oficial encarregado de uma paróquia local é um reitor (sacerdote ou pastor).
  2. Pluralidade de presbíteros na igreja local. Há algum tipo de governo eclesiástico que preserve o modelo neotestamentário de pluralidade de presbíteros e que evite a expansão da autoridade destes para fora da igreja local? Embora não seja distintivo de nenhuma denominação atual, um sistema assim existe em muitas congregações. Usando as conclusões sobre esse ponto a partir dos dados do Novo Testamento
  3. Junta. As três formas restantes de governo eclesiástico congregacional não são comumente usadas, mas são às vezes encontradas em igrejas evangélicas. A primeira é modelada a partir do exemplo de uma empresa moderna, em que a diretoria contrata um executivo que tem então autoridade de dirigir os negócios conforme achar melhor. Essa forma de governo também pode ser chamada de estrutura “você trabalha para nós”.
  4. Democracia absoluta. Em tal sistema tudo precisa ser levado às reuniões da congregação. O resultado é que as decisões são discutidas com freqüência de maneira interminável, e, à medida que a igreja cresce, tomar decisões torna-se quase impossível. Embora tal estrutura sem dúvida faça justiça a alguns textos já citados com respeito à necessidade de a autoridade governante final estar na congregação como um todo, ela não é fiel ao modelo neotestamentário de líderes reconhecidos e designados detentores de verdadeira autoridade para dirigir a igreja na maioria das vezes.
  5. “Sem governo, mas dirigida pelo Espírito Santo”. Algumas igrejas, particularmente igrejas muito recentes, com tendências místicas ou extremamente pietistas, funcionam com um governo eclesiástico. Nesse caso, a igreja nega a necessidade de qualquer forma de governo; o governo depende inteiramente dos membros da igreja, sensíveis à direção do Espírito Santo na vida; as decisões são geralmente tomadas por consenso.

2.            Presbiteriano: Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para a formação de um conselho. O pastor da igreja é um dos presbíteros no conselho, com a mesma autoridade dos outros presbíteros. Esse conselho tem autoridade para dirigir a igreja local. Há um presbitério, onde estão ligadas as igrejas locais;

3.             Congregacional:

a. Um único presbítero (ou pastor). Podemos agora considerar cinco variações de governo congregacional para a igreja. A primeira, atualmente mais comum entre as igrejas batistas nos Estados Unidos, é de “um único presbítero”. Nesse tipo de governo o pastor é considerado o único presbítero na igreja, e há um grupo de diáconos que atuam sob sua autoridade e lhe dão apoio.

Meios de Graça na Igreja

Quantos são os meios de graça à nossa disposição?

Todas as bênçãos que recebemos nesta vida são em última análise imerecidas — todas elas nos vêm pela graça. De fato, para Pedro, toda a vida cristã se vive pela graça (1Pe 5.12).

Mas será que Deus usa meios especiais para nos dispensar mais graça? Especificamente na comunhão da igreja, será que há determinados meios — ou seja, determinadas atividades, cerimônias ou funções — que Deus usa para nos dispensar mais graça? Outra maneira de formular essa pergunta é: será que o Espírito Santo se utiliza de certos meios para distribuir as bênçãos aos salvos? É claro que a oração particular, o culto, o estudo da Bíblia e a fé são meios de que Deus lança mão para dispensar graça a cada cristão. Mas neste capítulo estamos tratando da doutrina da igreja e perguntamos especificamente: na comunhão da igreja, que meios da graça Deus usa para nos dispensar bênçãos?

 Análise dos meios

1. O ensino da Palavra.

Mesmo antes de as pessoas se tornarem cristãs, o ensino e a pregação da Palavra lhes dispensam a graça de Deus, pois esse é o instrumento que Deus usa para lhes conceder a vida espiritual e levá-las à salvação. Diz Paulo que o evangelho é o “poder de Deus para a salvação” (Rm 1.16) e que a pregação de Cristo é “poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Co 1.24). Deus nos fez nascer de novo ou “nos gerou pela palavra da verdade” (Tg 1.18), e Pedro diz: “Fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Pe 1.23). A Palavra escrita de Deus, a Bíblia, pode “tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).

4. A oração.

Tanto a oração coletiva na igreja reunida quanto à oração dos cristãos uns pelos outros são meios poderosos que o Espírito Santo usa cotidianamente para distribuir bênçãos aos salvos. Certamente devemos orar juntos e também individualmente, seguindo o exemplo da igreja primitiva. Quando os primeiros cristãos ouviram as ameaças dos líderes dos judeus, “unânimes, levantaram a voz a Deus” em oração (At 4.24-30), e “tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At 4.31; cf. 2.42). Quando Pedro foi lançado na prisão, “havia oração incessante a Deus por parte da igreja a favor dele” (At 12.5).

5. A adoração.

A adoração genuína é a adoração “em espírito” (Jo 4.23-24; Fp 3.3), que provavelmente significa adoração que se dá na esfera espiritual (não meramente o ato físico de participar do culto, ou de cantar hinos). Quando penetramos na esfera espiritual e ministramos ao Senhor em oração, Deus também ministra a nós. Assim, por exemplo, na igreja de Antioquia, enquanto estavam “servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2).

6. A disciplina da igreja.

Como a disciplina da igreja é um meio pelo qual se fomenta a pureza da igreja e se estimula a santidade de vida, sem dúvida devemos contá-la também como “meio de graça”. Porém, a bênção não é concedida automaticamente: quando a igreja disciplina, aquele que está em pecado não recebe nenhum bem espiritual a menos que o Espírito Santo o convença do seu pecado e provoque uma “tristeza segundo Deus” que “produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar” (2Co 7.10); e a igreja também não recebe nenhum bem espiritual a menos que o Espírito Santo esteja atuante nos outros membros quando eles tomarem consciência desse processo. É por isso que a igreja deve executar a disciplina sabendo que ela se faz na presença do Senhor (1Co 5.4; cf. 4.19-20) e com a certeza de que ela traz em si a sanção celeste (Mt 16.19; 18-18.20).

7. A oferta.

As ofertas são normalmente feitas por intermédio da igreja: ela as recebe e distribui aos vários ministérios e necessidades que atende. Aqui, novamente, não há dispensação automática ou mecânica de benefícios aos que contribuem. Simão, o mágico, foi veementemente repreendido por pensar que podia “adquirir, por meio dele [do dinheiro], o dom de Deus” (At 8.20). Mas se a oferta é feita com fé, pela devoção a Cristo e por amor ao seu povo, então certamente haverá grandes bênçãos nela. Deus mais se agrada quando as ofertas em dinheiro vêm acompanhadas de uma intensificação da devoção do doador a Deus, como foi o caso dos macedônios, que “deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus” (2Co 8.5), e mais tarde ainda fizeram doações aos cristãos pobres de Jerusalém. Quando a contribuição se faz com alegria, “não com tristeza ou por necessidade”, vem com ela a grande recompensa do favor de Deus, “porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9.7).

8. Os dons espirituais.

Pedro considera os dons espirituais veículos pelos quais a graça de Deus vem à igreja. Diz ele: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.10). Quando os dons são usados em benefício uns dos outros na igreja, a graça de Deus é assim dispensada àqueles a quem Deus pretende concedê-la. Excelentes bênçãos virão à igreja com o uso correto dos dons espirituais, desde que a igreja siga a exortação de Paulo de usar os dons para procurar “progredir, para a edificação da igreja” (1Co 14.12; cf. Ef 4.11-16).

9. A comunhão.

Não devemos menosprezar a comunhão cristã comum como valioso meio de graça na igreja. Os membros da igreja primitiva “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42). E o autor de Hebreus lembra aos cristãos: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.24-25). Na comunhão dos crentes, crescem a amizade e o afeto naturais uns pelos outros, e assim se cumpre o mandamento de Jesus: “que vos ameis uns aos outros” (Jo 15.12). Além disso, quando os crentes se importam uns com os outros, seguem o conselho de Paulo: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2).

10. A evangelização.

Em Atos, há um vínculo freqüente entre proclamar o evangelho (mesmo enfrentando oposição) e estar cheio do Espírito Santo (ver At 2.4 com v. 14-36; 4.8, 31; 9.17 com v. 20; 13.9, 52). A evangelização é então um meio de graça não só porque ministra graça salvífica aos que não estão salvos, mas também porque quem evangeliza vivencia mais a presença e a bênção do Espírito Santo. Às vezes a evangelização é realizada individualmente, outras vezes é uma atividade coletiva da igreja (como nas campanhas de evangelização). E mesmo a evangelização individual muitas vezes envolve outros membros da igreja, que acolhem um visitante descrente e atendem as suas necessidades. Portanto a evangelização é com justiça considerada um meio de graça na igreja.

11. O ministério individual.

Juntamente com os precedentes dez “meios de graça” da igreja, cabe relacionar mais um meio específico que o Espírito Santo usa com bastante freqüência para distribuir bênçãos a cada cristão. Esse meio de graça entra em ação quando um ou mais cristãos atendem, de modos diversos, necessidades bem específicas de outra pessoa da igreja.

As ordenanças da igreja

      BATISMO           

Como Jesus ordenou que a igreja realizasse o batismo (Mt 28.19). Essa obediência é especificamente o ato público de confessar Jesus como Salvador, ato que por si mesmo traz alegria e bênção ao crente. Além disso, é um sinal da morte e ressurreição do crente com Cristo (ver Rm 6.2-5; Cl 2.12), e parece natural que o Espírito Santo aja por intermédio desse sinal para aumentar a nossa fé, a nossa percepção prática da morte para o poder e o amor do pecado e também para ampliar a nossa experiência do poder da nossa vida ressurreta em Cristo, vida que todos nós salvos temos. Como o batismo é um símbolo físico da morte e da ressurreição de Cristo e da nossa participação nelas, deve também dar garantia adicional de união com Cristo a todos os cristãos presentes. Por fim, como a água do batismo é um símbolo exterior do batismo espiritual do Espírito Santo, é de esperar que o Espírito Santo aja normalmente durante o batismo, dando aos cristãos uma maior consciência dos benefícios do batismo espiritual indicado pelo sinal da água. Não é salvífico, mas é um dever de todo aquele que professa a fé em Cristo.

CEIA DO SENHOR

Além do batismo, a outra ordenança ou cerimônia que Jesus instituiu como dever da igreja é a participação na ceia do Senhor. A ceia do Senhor não é simplesmente uma refeição comum partilhada por seres humanos – é comunhão com Cristo, na sua presença e à sua mesa.

O significado da ceia do Senhor

O significado da ceia do Senhor é complexo, rico e pleno. Há vários aspectos simbolizados e afirmados na ceia do Senhor.

1. A morte de Cristo.

Quando participamos da ceia do Senhor há nisso um símbolo da morte de Cristo, pois nossas ações ali formam um quadro de sua morte por nós. Quando partido, o pão simboliza o partir do corpo de Cristo, e, quando derramado (bebido), o cálice simboliza o derramar do sangue de Cristo em nosso favor. Essa é a razão por que participar da ceia do Senhor é também uma espécie de proclamação: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.26).

2. Nossa participação nos benefícios da morte de Cristo.

Jesus ordenou aos seus discípulos: “Tomai, comei; isto é o meu corpo” (Mt 26.26). Quando individualmente pegamos o cálice e nós mesmos o tomamos, cada um de nós está proclamando por meio de tal ato: “Estou tomando os benefícios da morte de Cristo para mim mesmo”. Quando assim procedemos mostramos um símbolo do fato de que participamos dos benefícios conquistados em nosso favor pela morte de Jesus.

3. Alimento espiritual.

Assim como o alimento comum nutre o nosso corpo, também o pão e o vinho da ceia do Senhor nos alimentam. Mas eles também representam o fato de que há alimento e refrigério espirituais que Cristo está concedendo à nossa alma – de fato, a cerimônia que Jesus instituiu, por sua própria natureza, tem a finalidade de ensinar-nos isso.

4. A unidade dos cristãos.

Quando os cristãos participam juntos da ceia do Senhor dão também um sinal nítido de unidade de uns para com os outros. Na verdade, Paulo diz: “Porque nós, embora muitos, somos unicamente um só pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1Co 10.17)

5. Cristo afirma seu amor por mim.

O fato de que posso participar da ceia do Senhor – na verdade, de que Jesus convida-me para tanto – é um lembrete vívido e um sinal visível e seguro de que Jesus Cristo me ama como indivíduo e como pessoa. Quando venho tomar a ceia do Senhor reafirmo constantemente a segurança do amor pessoal de Cristo por mim.

6. Cristo afirma que todas as bênçãos da salvação estão reservadas para mim.

Quando atendo ao convite de Cristo para participar da ceia do Senhor, o fato de que ele me convidou à sua presença assegura-me de que Cristo tem abundantes bênçãos para mim. Na ceia, estou de fato comendo e bebendo num antegozo da mesa do grande banquete do Rei. Venho à sua mesa como membro de sua eterna família. Quando o Senhor recebe-me nessa mesa, ele me assegura de que me receberá para desfrutar de todas as outras bênçãos da terra e dos céus também, especialmente da grande ceia das Bodas do Cordeiro, para a qual está reservado um lugar para mim.

7. Eu afirmo minha fé em Cristo.

Por fim, quando tomo o pão e o cálice, por meu ato estou proclamando: “Preciso de ti e em ti confio, Senhor Jesus, para perdoar os meus pecados e dar vida e saúde à minha alma, pois somente pelo teu corpo partido e teu sangue derramado eu posso ser salvo”. De fato, quando participo do partir do pão, dele comendo, e do derramar do cálice, dele bebendo, proclamo constantemente que meus pecados constituíram parte do motivo do sofrimento e da morte de Jesus. Assim, tristeza, alegria, gratidão e profundo amor por Cristo são ricamente mesclados na beleza da ceia do Senhor.

ESCATOLOGIA (DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS)

A morte:

Existe a escatologia individual e a cósmica.

Hb 9.27 ; I Cor 15:54-56; 2 Cor 4.11-12.

O que é a morte?  

Ec 12.7; Mt 10.28; Tg 2.26.

A morte não deve ser interpretada como existência e não-existência, mas como dois estados diferentes da existência. A morte física é simplesmente uma transição para um modo diferente de existência.

Há a morte espiritual e morte eterna: A espiritual é a separação entre a pessoa e Deus (Ef 2.1-2) e a eterna é a concretização desse estado de separação (Ap 20.6, 21.8).

A morte no início era apenas uma ameaça (Gn 3.3). Com Cristo, foi um dos males anulado por Ele pela Sua ressurreição (I Cor 15.21). Eles não foram criados imortais, mas poderiam ser (Gn 3.22-23).

Postura do crente frente à morte:

Foi um adversário vencido com a ressurreição do Salvador, daí a nossa postura deve ser: Filipenses 1.20-23. Para o crente á a oportunidade de ser levado à presença do Senhor. Já para um descrente, é uma maldição, uma penalidade, um inimigo.

Por que devemos passar pela morte?

Fomos livres das conseqüências da morte, mas das temporais, de algumas não. A morte física passou a ser uma das condições da raça humana. A morte física é algo universal, mas com significados diferentes, para crentes e descrentes, como visto acima.

O estado intermediário:

Refere-se à condição humana entre a morte e a ressurreição.

Dificuldades em responder a essa questão: 1. Escassez de referências bíblicas sobre o estado intermediário; 2. Controvérsia teológica.

Os ortodoxos dizem que o corpo se decompõe e a alma ainda vive, aguardando a ressurreição do corpo.

Para o liberalismo a alma é imortal, mas não haverá uma ressurreição do corpo, não crendo ainda numa 2° vinda de Cristo de forma corporal.

Concepções sobre o assunto:

  1. Sono da alma: Entre a morte e a ressurreição a alma repousa num estado de inconsciência. Idéia oriunda do séc. XVI. At. 7.60;13.36; I Cor 15.6,18,20,51; I Ts 4.13-15; Jo 11.11,14. Nada sobrevive à morte, inclusive a alma, para alguns, como Anthony Hoekema (concepção adventista).

Refutação: Parábola do rico e Lázaro (Lc 16.19-31) havia existência pessoal e consciência. Lc 23.43 (o ladrão na cruz), portanto, deixa claro que a alma não é extinta com a morte. Ainda, pode ser entendido sono como eufemismo (forma de suavizar algo). Como reunir o mesmo corpo numa ressurreição?

  1. Purgatório: Um estado de punição temporária para aqueles que ainda não pagaram todas as suas transgressões. Os devidamente condenados vão direto para o inferno e os completamente purificados, perfeitos, vão diretamente para o céu. Se baseiam em 2 Macabeus 12.43-45; Mat. 12.32.
Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição,
porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles.
Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente,
era esse um bom e religioso pensamento; eis por que ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas
  1. Ressurreição instantânea: Em I Co 15 Paulo tinha uma concepção pelo assunto, umas ressurreições futuras, em 2 Cor 5, têm a sua compreensão mais avançada, onde já não cria num estado intermediário.

Refutação: Jesus fala de uma ressurreição futura Jo 5.25-29, Paulo cita vária outras; Rom 2.3-16; 1Ts 15, 2 Tm 4.8.

Algo para refletir: (segundo Millard Erickson):

  1. O Novo Testamento faz distinção entre Geena e Hades. O Hades recebe os ímpios entre a morte e a ressurreição, enquanto o Geena é o lugar de punição permanente no julgamento final (Mc 9.43,48).
  2. Há indicações de que os justos, ao morrer, não descem ao Hades (Mat 16.18-19; At 2.31, citando Sl 16.10). Pois antes se cria que todos aguardariam a ressurreição no Hades, justos e injustos.
  3. As almas dos justos são recebidas no paraíso (Lc 16.19-31; 23.43).
  4. Estar ausente do corpo equivale a estar na presença do Senhor (2 Cor 5.1-10; Fp 1.19-26).

Conclusão:

Os crentes vão direto para um lugar bem aventurado e os incrédulos experimentar dor, punição. Pode ser o mesmo lugar que ficarão, após o julgamento, já que a presença de Deus (Lc 23.43; 2 Cor 5.8; Fp 1.23) nada mais deve ser senão o céu. A diferença está na intensidade.

 

Segunda vinda de Cristo

 

A segunda vinda é a base da esperança cristã. O tempo não é claro.

 Haverá uma volta súbita, pessoal, visível e corpórea de Cristo.

Jesus falou muitas vezes de sua volta. (Mt 24.44; Jo 14.3; At 1.11; 1Ts 4.16; Hb 9.28; Tg 5.8; 2Pe 3.10; 1Jo 3.2; Ap 22.20).

 Devemos ansiar pela volta de Cristo

A resposta de João no final de Apocalipse deve caracterizar o coração dos cristãos em todas as épocas: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20). O verdadeiro cristianismo nos treina a viver “no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.12-13). Paulo diz: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). De modo semelhante, o termo “maranata” em 1Coríntios 16.22 (ara, arc) significa “vem, nosso Senhor” (blh).

O caráter da segunda vinda:

Pessoal: (Jo 14.3; At 1.11; ITs 4.16); a volta será tão pessoal quanto a partida; Física também;

Visível: Os TJs sustentam que Cristo começou a reinar sobre a terra em 1/10/1914. Mt 24.30. Triunfante e gloriosa: Lc 21.27; ITs 4.16.

 Não sabemos quando Cristo voltará

Algumas passagens indicam que não sabemos, e não podemos saber, quando Cristo voltará. “À hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44). “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25.13). Além disso, Jesus disse: “Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo” (Mc 13.32-35).

 Todos os evangélicos concordam quanto às conseqüências definitivas da volta de Cristo

Não importam as discórdias quanto aos detalhes, todos os cristãos que têm a Bíblia por autoridade final concordam que a conseqüência definitiva e última da volta de Cristo será o julgamento dos incrédulos e a recompensa final dos que crêem e que os que crêem viverão com Cristo, por toda a eternidade, num novo céu e numa nova terra. Deus Pai, Filho e Espírito Santo reinará e será cultuado num reino eterno em que já não haverá pecado, dor ou sofrimento.

 Há discussão quanto aos pormenores dos eventos futuros

Entretanto, os cristãos discordam a respeito de pormenores específicos sobre o que acontecerá logo antes e logo depois da volta de Cristo. Especificamente, eles discordam quanto à natureza do milênio e da relação entre a vinda de Cristo e o milênio, quanto à seqüência da volta de Cristo e o período da grande tribulação que sobrevirá à terra e na questão da salvação do povo judeu (e a relação entre os judeus salvos e a igreja).

 Poderá Cristo voltar a qualquer momento?

Uma das discussões significativas surge quando se debate se Cristo poderá voltar a qualquer momento. Por um lado, há muitas passagens que nos incentivam a estar prontos porque Cristo voltará em hora inesperada. Por outro lado, há algumas passagens que falam de certos eventos que ocorrerão antes da volta de Cristo. Há diferentes modos de resolver a aparente tensão entre esses dois conjuntos de passagens, e alguns cristãos concluem que Cristo ainda poderá voltar a qualquer momento e outros que ele não poderá voltar pelo menos antes de uma geração, já que seria preciso esse tempo para que se cumpram alguns eventos preditos que precisam ocorrer antes de sua volta.

1. Versículos que predizem uma vinda repentina e inesperada de Cristo ( numa perspectiva pré-tribulacionista).

Para sentir a força cumulativa das passagens que predizem que Cristo poderá voltar muito em breve: (Mt 24.42-44; cf. v. 36-39), (Mt 24.50), (Mt 25.13), (Mc 13.32-33), (Mc 13.34-37), (1Co 16.22), (Fp 3.20 blh), (1Ts 5.2), (Tt 2.12-13), (Hb 10.25), (Tg 5.7-9),  (1Pe 4.7) (2Pe 3.10), (Ap 1.3), (Ap 22.7), (Ap 22.12), (Ap 22.20).

Que dizer dessas passagens? Se o Novo Testamento não contivesse passagens sobre os sinais que precederão a volta de Cristo, é provável que concluíssemos pelas passagens que acabamos de citar que Jesus poderia vir a qualquer momento. Nesse sentido, podemos dizer que a volta de Cristo é iminente. Isso parece amortecer o impacto dos alertas a que estejamos prontos e vigilantes, caso haja motivos para crer que Cristo não voltará logo.

2. Sinais que precedem à volta de Cristo.

A outra série de textos a considerar trata de alguns sinais que as Escrituras dizem preceder a hora da volta de Cristo. De fato, Berkhof diz: “De acordo com as Escrituras alguns fatos importantes devem ocorrer antes da volta do Senhor e, assim, não se pode considerá-la iminente”.

Aqui vale alistar as passagens que fazem referência mais direta aos sinais que devem ocorrer antes da volta de Cristo.

  1. A pregação do evangelho a todas as nações. É necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações (Mc 13.10; cf. Mt 24.14).
  2. A grande tribulação. Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Estas coisas são o princípio das dores (Mc 13.7-8; cf. 24.15-22; Lc 21.20-24).
  3. Falsos profetas realizando sinais e maravilhas

Surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos (Mc 13.22; cf. 24.23-24).

  1. Sinais no céu. Mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória (Mc 13.24-26; cf. Mt 24.29-30; Lc 21.25-27).
  2. A vinda do homem da iniqüidade e a rebelião. Paulo escreve aos tessalonicenses que Cristo não virá, a menos que o homem da iniqüidade seja antes revelado, e depois o Senhor Jesus, em sua vinda, o destruirá. Esse “homem da iniqüidade” é às vezes identificado com a besta em Apocalipse 13 e às vezes chamado anticristo, o último e pior da série de “anticristos” mencionados em 1João 2.18.
  3. A salvação de Israel. Paulo fala do fato de que muitos judeus não creram em Cristo, mas diz que em algum ponto do futuro um número maior será salvo: (Rm 11.12), (Rm 11.25-26).
  4. Conclusões a partir desses sinais que precedem a volta de Cristo. O impacto dessas passagens parece tão claro que, conforme mencionamos acima, muitos cristãos sentem que Cristo simplesmente não pode voltar a qualquer momento.

3. Solução: depende de qual escola de interpretação fazemos parte.

O resultado principal da segunda vinda de Cristo, do ponto de vista da escatologia individual, é a ressurreição. Vemos no AT, Is 26.19; Dn 12.2; Sl 17.15; 49.15 (morte = Sheol). No NT, Mc 12.24-27; At 2.24-32;13.32-37; Jo 5.25-29.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

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GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática – Atual e exaustiva. São Paulo. Editora Vida Nova, 1999.

 

HODGE, Charles. Teologia Sistemática de Hodge. São Paulo, Editora Hagnos, 2008.

 

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