A Punição do Pecado

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Aula 5

 

A punição do pecado:

O pecado é algo muito sério e é levado a sério por Deus, embora os homens muitas vezes o tratem superficialmente. Não é somente uma transgressão da Lei de Deus; é também um ataque ao grande Legislador, uma revolta contra Deus. É uma afronta a imaculada santidade do Altíssimo e nada passa impune por Ele (Êx 20.5).

a) Punições naturais: há punições que são resultados naturais do pecado e das quais os homens não podem escapar por serem as conseqüências inevitáveis do pecado. O homem não se salva delas pelo arrependimento e perdão. Em alguns casos podem ser abrandadas e até neutralizadas, mas em outros casos elas permanecem e servem de lembranças das nossas transgressões passadas (Jó 4.8; Sl 9.15; 94.23; Pv 5.22; 23.21; 24.14; 31.3). Mas há também as penalidades impostas por Deus e não como simples conseqüências dos nossos atos pecaminosos (Êx 32.33; Lv 26.21; Nm 15.31; I Cr 10.13; Sl 11.6; 75.8; Is 1.24-28; Mt 3.10; 24.51).

A punição origina-se não pelo fato de Deus querer o mal dos transgressores, mas devido a Sua retidão, ou por causa de Sua justiça punitiva, pela qual se mantém como o Santo e necessariamente exige santidade e justiça de todas as suas criaturas. A punição é a penalidade que natural e necessariamente se requer do pecador por causa do seu pecado; é, de fato, um débito para com a justiça essencial de Deus.

Portanto o propósito da punição consiste:

a) vindicar a retidão ou justiça divina: se a justiça é um atributo de Deus, então o pecado tem que receber o que lhe é devido, que é a punição. A lei querer que o pecado seja punido por causa do seu demérito inerente, independente de quaisquer outras considerações. Assim, a justiça exige a punição do transgressor (Dt 32.4; Jó 34.10-11; Sl 62.12; 119.137; Jr 9.24; I Pe 1.17. A vindicação da justiça e santidade de Deus, e daquela justa lei que é a própria expressão do seu ser, é certamente o propósito primordial da punição do pecado.

O castigo efetivo do pecado:

a) Morte espiritual – o pecado separa o homem de Deus e isso quer dizer morte, pois é só na comunhão com o Deus vivo que o homem pode viver de verdade. No estado de morte, que resultou da entrada do pecado no mundo, levamos o fardo da culpa do pecado, culpa que só pode ser removida pela obra redentora de Jesus Cristo. O homem sem Cristo encontra-se morto, incapaz de encontrar a vida eterna, de se regenerar, sendo possível pela iniciativa do Senhor em ir atrás do homem e buscá-lo de volta para o Seu convívio;

b) Sofrimentos na vida – Os sofrimentos da vida, que resultam da entrada do pecado no mundo, também estão incluídos na penalidade do pecado. O pecado produziu distúrbios em todos os aspectos da vida do homem. Sua vida física tornou-se cativa de fraquezas e doenças, que redundam em desconfortos;

c) Morte física – a separação de corpo e alma também faz parte da penalidade do pecado (Gn 3.19; Rm 5.12-21; I Cor 15.12-23);

d) Morte eterna – esta pode ser considerada como a culminância e a consumação da morte espiritual. O peso total da ira de Deus desce sobre os condenados, e isto significa morte no sentido mais terrível da palavra (Ap 14.11).

O que acontece quando um cristão peca?

  1. Nossa posição legal perante Deus fica inalterada. Embora esse assunto pudesse ser abordado adiante, juntamente com a adoção ou a santificação dentro da vida cristã, convém certamente abordá-lo aqui.

Quando o cristão peca, sua posição legal perante Deus permanece inalterada. Ele ainda assim é perdoado, pois “já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). A salvação não se baseia nos nossos méritos, mas é dádiva gratuita de Deus (Rm 6.23), e a morte de Cristo sem dúvida nenhuma expiou todos os nossos pecados — passados, presentes e futuros; Cristo morreu “pelos nossos pecados” (1Co 15.3), sem distinção. Em termos teológicos, conservamos assim nossa “justificação”.

  1. Nossa comunhão com Deus se interrompe e nossa vida cristã se prejudica. Quando pecamos, ainda que Deus não deixe de nos amar, ele se desgosta conosco. (Mesmo o homem pode amar alguém e ao mesmo tempo se desgostar com esse alguém, como qualquer pai pode confirmar, ou qualquer esposa, ou qualquer marido.) Paulo nos diz que os cristãos podem entristecer “o Espírito de Deus” (Ef 4.30); quando pecamos, lhe causamos pesar e ele se desgosta conosco. O autor de Hebreus nos lembra que “o Senhor corrige a quem ama” (Hb 12.6, citando Pv 3.11-12) e que o “Pai espiritual […] nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” (Hb 12.9-10).
  2. O perigo dos “evangélicos não convertidos”. Embora o cristão genuíno que peca não perca a sua justificação ou adoção perante Deus (ver acima), convém deixar bem claro que a mera associação a uma igreja evangélica, a mera conformidade exterior aos parâmetros “cristãos” de conduta esperados, não garante a salvação. Especialmente em sociedades e culturas em que para as pessoas é fácil (ou mesmo natural) ser cristão, existe a possibilidade real de que alguns que na verdade não nasceram de novo entrem na igreja. Se essas pessoas acabam cada vez mais revelando desobediência a Cristo na sua conduta, não devem se deixar iludir acreditando que ainda contam com justificação ou adoção na família de Deus.

6. Qual é o pecado imperdoável?

Diz respeito à blasfêmia contra o Espírito Santo.Várias passagens bíblicas falam de um pecado que não será perdoado. Jesus diz Mt 12.31-32, e  Mc 3.29; cf. Lc 12.10. Esse pecado consiste na calúnia e rejeição consciente, deliberada, maldosa e voluntária e isso contra as evidências e respectiva convicção do testemunho do Espírito Santo a respeito da graça de Deus em Cristo, atribuindo-o, por ódio ou inimizade, ao príncipe das trevas.

 

Extensão do Pecado

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Aula 4 

 

Extensão do pecado:

O pecado é algo universal, independente do povo, da língua, da cultura, o pecado é algo que alcança a todos. No AT Gn 6.5; 8.21; 1 Rs 8.46 (Rom 3.23); Is 53.6. No NT Rom 3.10-12;20.

 

Intensidade do pecado:

Quão pecaminoso é o pecador? Qual a profundidade do nosso pecado?

AT: Apresenta uma distinção entre pecados, de acordo com a motivação. Dt 4.42, aos que matavam acidentalmente. Em todos os aspectos, o motivo era tão importante quanto o ato em si. Além disso, pensamentos e intenções eram condenados totalmente à parte dos atos exteriores. O pecado da cobiça (exemplo). Jr 17.9; Ez 11.19. O coração dá uma idéia de inclinação interior. Salmo 51 aparece um autor que pensa não apenas como alguém que comete pecados, mas como uma pessoa pecaminosa.

NT: O pecado é muito mais um problema de pensamentos e intenções segundo Jesus. Mateus 5.27-28; Rom 7.5;23.

O que é depravação total?

O pecado é um problema da pessoa como um todo. O corpo é afetado: Rom 6.6; 8.10;13; as emoções também são afetadas: Rom 1.26-27; Gal 5.24; a razão também sofre: 2 Cor 3.14-15; 4.4. A vontade também é afetada, pois não tem liberdade de escolha, já que são escravas do pecado (Rom 6.17).

Mesmo que a pessoa seja altruísta, suas motivações são impróprias, pois deve está em glorificar ao Altíssimo (Jo 5.39-42).

São incapazes de se desvincular de sua condição pecaminosa. Ef 2.1-9, não são insensíveis a estímulos espirituais, mas são incapazes de fazer o que deve. Sl 14.3; 53.3; Rom 3.12.

 

 

Conseqüências do pecado:

 

Em relação a Deus:

  1. Desfavor divino: Os 9.15; Jr 12.8. Ele se opõe a iniqüidade. Tg 4.4
  2. Culpa: Gn 3.8-10;
  3. Punição: O interesse de Deus está na manutenção da justiça e não na retribuição propriamente dita. Hb 10.30, porém, a punição também serve de exemplo (o pecado de Akã), e tem ainda um caráter disciplina (Hb 12.6);
  4. Morte: Gn 2.17; Rom 6.23; Física (Hb 9.27); Espiritual (Ef 2.1-2) e a Eterna (Ap 20.14)

 

Efeitos sobre o pecador:

  1. Escravização: o pecado torna-se um hábito e até um vício. Um pecado leva a outro (Caim e Abel). O que alguns crêem em liberdade para pecar, desobedecer a Deus, na realidade é escravidão ao pecado. Rom 6.17; 8.2.
  2. Fuga da realidade ou negação do pecado: falta de disposição em encarar a realidade. Gn 3.11-12;
  3. Auto-engano: Jr 17.9; Mt 7.3;
  4. Insensibilidade:
  5. Egocentrismo:
  6. Inquietação: Quanto dinheiro é preciso para satisfazer uma pessoa. Rockfeller, respondeu: Só mais um pouquinho;

 

Efeitos sobre o relacionamento com outras pessoas:

  1. Competição: Já que torna a pessoa egocêntrica e egoísta, a competição é uma conseqüência. Tg 4.1-2;
  2. Incapacidade de ser empático: Fp 2.3-5;
  3. Rejeição da autoridade:
  4. Incapacidade de amar: Suspeitas, conflitos, amarguras, ódio, é o que está contido num coração dominado pelo pecado.

 A Doutrina do Pecado Herdado

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A transmissão do pecado:

Um primeiro a ser tratado consiste na universalidade do pecado: Há declarações inequívocas da Escritura que indicam a pecaminosidade universal do homem: I Rs 8.46; Sl 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.1-23; Tg 3.2; I Jo 1.8-10. Várias passagens da Escritura ensinam que o pecado é herança do homem desde a hora do seu nascimento, sendo portanto algo que faz parte da natureza humana, ou seja, algo inato e original (Ef 2.3).

Como o pecado de Adão nos afeta? As Escrituras ensinam que herdamos o pecado de Adão de dois modos.

1. Culpa herdada:

Somos considerados culpados por causa do pecado de Adão. Paulo explica os efeitos do pecado de Adão da seguinte maneira: “Portanto […] por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim […] a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). O contexto mostra que Paulo não está falando dos pecados que as pessoas efetivamente cometem no dia-a-dia, pois todo o parágrafo (Rm 5.12-21) trata da comparação entre Adão e Cristo.

2. Corrupção herdada:

Temos uma natureza pecaminosa por causa do pecado de Adão. Além da culpa legal que Deus nos imputa por causa do pecado de Adão, também herdamos uma natureza pecaminosa como conseqüência do pecado dele. Essa natureza pecaminosa herdada é às vezes denominada simplesmente “pecado original”, e às vezes, mais precisamente, “poluição original”. Uso, em vez disso, o termo “corrupção herdada”, pois parece exprimir com mais clareza a idéia em vista.

  1. Todo nosso ser está corrompido. Não é certo dizer que algumas partes de nós são pecaminosas, e outras puras. Antes, cada parte do nosso ser está maculada pelo pecado — o intelecto, as emoções e desejos, o coração (o centro dos desejos e dos processos decisórios), as metas e motivos e até o corpo físico. Diz Paulo: “Sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum” (Rm 7.18) e “para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas” (Tt 1.15).
  2. Nos nossos atos, somos totalmente incapazes de fazer o bem espiritual perante Deus. Essa idéia está ligada à anterior. Não só em nós, pecadores, falta o bem espiritual, mas também a capacidade de fazer qualquer coisa que agrade a Deus, e ainda a capacidade de nos aproximar de Deus por nossas próprias forças. Paulo diz que “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Além disso, a respeito de dar fruto para o reino de Deus e fazer o que lhe agrada, diz Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). De fato, os descrentes não são agradáveis a Deus, senão por outra razão qualquer, simplesmente porque seus atos não advêm da fé em Deus e do amor por ele, e “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Paulo, falando da época em que seus leitores eram descrentes, diz-lhes que estavam “mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora” (Ef 2.1-2). Os descrentes estão num estado de servidão ou escravidão ao pecado, pois “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34). Embora, do ponto de vista humano, as pessoas possam ser capazes de fazer o bem, Isaías afirma que “todas as nossas justiças, [são] como trapo da imundícia” (Is 64.6; cf. Rm 3.9-20). Os incrédulos nem sequer são capazes de compreender corretamente as coisas de Deus, pois “o homem natural não recebe os dons [lit. “coisas”] do Espírito de Deus, pois lhe são insensatez, e não consegue compreendê-los, pois só se pode discerni-los espiritualmente” (1Co 2.14 rsv mg.). Tampouco podemos nós nos aproximar de Deus por nossas próprias forças, pois diz Jesus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44).

Mas se nos vemos em total incapacidade de fazer qualquer bem espiritual aos olhos de Deus, então será que ainda temos alguma liberdade de escolha? Sem dúvida aqueles que estão alheios a Cristo ainda tomam decisões voluntárias — ou seja, decidem o que querem fazer, depois agem. Nesse sentido, existe afinal algum tipo de “liberdade” nas decisões que as pessoas tomam. Porém, em virtude da sua incapacidade de fazer o bem e fugir da sua rebeldia fundamental contra Deus e da sua preferência fundamental pelo pecado, os descrentes não têm liberdade no sentido mais importante do termo — ou seja, a liberdade de agir corretamente e de fazer o que é agradável a Deus.

A aplicação disso à nossa vida é bastante óbvia: se Deus dá a alguma pessoa o desejo de se arrepender e confiar em Cristo, ela não deve se demorar nem endurecer seu coração (cf. Hb 3.7-8; 12.17). Essa capacidade de se arrepender e desejar ter fé em Deus não é naturalmente nossa, mas vem pela atuação do Espírito Santo e não dura para sempre. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3.15).

 

D. Pecados reais que cometemos

 

2. Será que nossa capacidade limita a nossa responsabilidade?

Pelágio, popular mestre cristão que pregou em Roma por volta de 383-410 d.C., e mais tarde (até 424 d.C.) na Palestina, ensinava que Deus responsabiliza o homem só pelas coisas que este é capaz de fazer. Logo, como Deus nos exorta a fazer o bem, temos necessariamente a capacidade de fazer o bem que Deus exige. A posição pelagiana rejeita a doutrina do “pecado herdado” (ou “pecado original”) e sustenta que o pecado consiste somente em atos pecaminosos isolados.

Contudo, essa idéia de que somos responsáveis perante Deus somente por aquilo que podemos fazer contraria o testemunho bíblico, que afirma tanto que estávamos “mortos nos […] delitos e pecados” nos quais andávamos antes (Ef 2.1) quanto que somos incapazes de fazer qualquer bem espiritual, e também que somos todos culpados diante de Deus. Além do mais, se nossa responsabilidade perante Deus se limitasse à nossa capacidade, então pecadores extremamente empedernidos, sob pesado jugo do pecado, poderiam ser menos culpados diante de Deus do que cristãos maduros que se esforçam diariamente por obedecer-lhe. E o próprio Satanás, que eternamente só é capaz de fazer o mal, estaria completamente livre de culpa — sem dúvida nenhuma uma conclusão equivocada.

A verdadeira medida da nossa responsabilidade e da nossa culpa não é a nossa capacidade de obedecer a Deus, mas antes a perfeição absoluta da lei moral de Deus e a sua própria santidade (que se reflete nessa lei). “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48).

3. Será que as crianças são culpadas mesmo antes de pecar efetivamente?

Segundo alguns, as Escrituras pregam determinada “idade da imputabilidade”, antes da qual as crianças pequenas não são responsáveis pelo pecado nem tidas como culpadas perante Deus. Porém, as passagens citadas acima, na seção C, sobre o “pecado herdado”, indicam que mesmo antes do nascimento as crianças já são culpadas perante Deus e dotadas de uma natureza pecaminosa, o que não só lhes confere a tendência ao pecado, mas também faz que Deus as veja como “pecadoras”. “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). As passagens que concebem que no juízo final se considerarão os atos pecaminosos efetivamente cometidos (e.g., Rm 2.6-11) nada dizem sobre o fundamento do juízo nos casos em que não houve atos individuais certos ou errados, como ocorre com as crianças que morrem muito novas. Nesses casos, devemos aceitar as passagens bíblicas que afirmam que temos uma natureza pecaminosa antes do momento do nascimento. Além do mais, precisamos compreender que a natureza pecaminosa da criança se manifesta já bem cedo, certamente nos primeiros dois anos de vida, como qualquer um que já criou filhos pode confirmar. (Diz Davi, noutra passagem: “Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham”, Sl 58.3.)

Mas então o que dizer das crianças que morrem antes de ter idade bastante para compreender e aceitar o evangelho? Será que podem ser salvas?

Aqui só nos resta dizer que, se essas crianças forem salvas, não será pelos seus próprios méritos, nem com base na sua justiça ou inocência, mas inteiramente com base na obra redentora de Cristo e na regeneração operada pela ação do Espírito Santo dentro delas. “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3).

Todavia, certamente é possível que Deus conceda regeneração (ou seja, nova vida espiritual) a uma criança mesmo antes que ela nasça. Isso aconteceu a João Batista, pois o anjo Gabriel, antes de João nascer, disse: “Ele […] será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15). Podemos dizer que João Batista “nasceu de novo” antes de nascer! (Veja Nota dos Editores no final deste capítulo.) Encontramos exemplo semelhante em Salmos 22.10, onde diz Davi: “Desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus”. É evidente, portanto, que Deus é capaz de salvar as crianças de um modo incomum, sem que ouçam e compreendam o evangelho, concedendo-lhes regeneração bem cedo, às vezes antes mesmo do nascimento. É provável que imediatamente depois dessa regeneração surja, em idade bastante precoce, uma consciência incipiente e intuitiva de Deus e a fé nele, mas isso é algo que simplesmente não podemos entender.

Devemos, entretanto, afirmar bem claramente que essa não é a maneira normal de Deus salvar as pessoas. A salvação geralmente ocorre quando a pessoa ouve e compreende o evangelho, e então passa a ter fé em Cristo. Mas em casos incomuns como o de João Batista, Deus concede salvação mesmo antes dessa compreensão. E isso nos leva a concluir que é certamente possível que Deus também o faça ao saber que a criança morrerá antes de ouvir o evangelho.

Quantas crianças Deus salva dessa forma? Como as Escrituras não nos dão resposta para isso, simplesmente não temos como saber. Quando a Bíblia cala, não é sensato fazer declarações taxativas. No entanto, devemos reconhecer que Deus, nas Escrituras, freqüentemente salva os filhos daqueles que crêem nele (ver Gn 7.1; cf. Hb 11.7; Js 2.18; Sl 103.17; Jo 4.53; At 2.39; 11.14(?); 16.31; 18.8; 1Co 1.16; 7.14; Tt 1.6). Essas passagens não mostram que Deus automaticamente salva os filhos de todos os crentes (pois conhecemos filhos de pais piedosos que, crescendo, rejeitaram ao Senhor, e as Escrituras nos dão exemplos, como Esaú e Absalão), mas indicam realmente que a conduta habitual de Deus, seu modo “normal” ou esperado de agir, é aproximar de si os filhos dos crentes. Com respeito aos filhos dos crentes que morrem muito novos, não temos razão para pensar de outra maneira.

Especialmente relevante aqui é o caso do primeiro filho que Bate-Seba deu ao rei Davi. Depois da morte da criança, disse Davi: “Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2Sm 12.23). Davi, que ao longo da sua vida exibiu grande confiança de que viveria para sempre na presença do Senhor (ver Sl 23.6 e muitos dos salmos de Davi), também acreditava que voltaria a ver seu filhinho depois de morrer. Isso só pode implicar que ele estaria com o seu filho na presença do Senhor para sempre.2 0 Essa passagem, ao lado de outras mencionadas acima, deve servir igualmente como garantia, para todos os crentes que perderam filhos pequenos, de que um dia os verão novamente na glória do reino celeste.

Com respeito aos filhos dos descrentes que morrem em idade muito tenra, as Escrituras se calam. Simplesmente devemos deixar a questão nas mãos de Deus, confiando na sua justiça e misericórdia. Se forem salvos, não será com base em algum mérito próprio, nem na inocência que lhes possamos atribuir. Se forem salvos, será com base na obra redentora de Cristo; e sua regeneração, como a de João Batista antes do nascimento, será pela misericórdia e graça de Deus. A salvação sempre vem em virtude da misericórdia divina, e não por causa dos nossos méritos (ver Rm 9.14-18). As Escrituras não nos permitem dizer nada além disso.

4. Existem graus de pecado? Serão alguns pecados piores do que outros?

A pergunta pode ser respondida de modo afirmativo ou negativo, dependendo do sentido que se lhe dê.

  1. Culpa legal. No tocante à nossa posição legal perante Deus, qualquer pecado, mesmo aquilo que nos pareça um pecado leve, torna-nos legalmente culpados perante Deus e, portanto, dignos de castigo eterno. Adão e Eva aprenderam isso no jardim do Éden, onde Deus lhes disse que um só ato de desobediência resultaria na pena de morte (Gn 2.17). E Paulo afirma que “o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação” (Rm 5.16). Esse único pecado tornou Adão e Eva pecadores perante Deus, já incapazes de permanecer na santa presença divina.

Essa verdade permanece válida durante toda a história da raça humana. Paulo (citando Dt 27.26) a confirma: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las” (Gl 3.10). E Tiago declara:

Qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei (Tg 2.10-11).

Portanto, em termos de culpa legal, todos os pecados são igualmente maus, pois nos fazem legalmente culpados perante Deus e nos constituem pecadores.

  1. Conseqüências na vida e no relacionamento com Deus. Por outro lado, alguns pecados são piores do que outros, pois trazem conseqüências mais danosas para nós e para os outros e, no tocante ao nosso relacionamento pessoal com Deus Pai, provocam-lhe desprazer e geram ruptura mais grave na nossa comunhão com ele.

As Escrituras às vezes falam de níveis de gravidade do pecado. Estando Jesus diante de Pôncio Pilatos, disse ele: “Quem me entrega a ti maior pecado tem” (Jo 19.11). A referência é aparentemente a Judas, que convivera com Jesus durante três anos e, no entanto, deliberadamente o traía entregando-o à morte. Embora Pilatos tivesse autoridade sobre Jesus em virtude do seu cargo no governo, mesmo sendo errado permitir que um homem inocente fosse condenado à morte, o pecado de Judas era bem “maior”, provavelmente por causa do conhecimento bem maior e da malícia associada e esse conhecimento.

 

A Natureza e Fonte do Pecado

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AULA 2

 

Dificuldade em estudar o assunto:

Não gostamos de pensar em nós mesmos como pessoas ruins ou más.

Conceito freudiano: a culpa é entendida como um sentimento irracional que a pessoa não deve alimentar.

A idéia de pecado como uma força interior, uma força inerente, um poder controlador, difícil de ser crer, mas identificamos pecados como atos errados isolados, e quem não praticam tais atos, são consideradas boas, “sem pecado”.

Perspectivas bíblicas da natureza do pecado:

  1. Pecado é uma inclinação interior. Não são apenas atos errados. Somos pecadores porque pecamos? Ou pecamos porque somos pecadores.
  2. Pecado é rebelião e desobediência. A incapacidade de crer na mensagem. Ex. Desobediência de Adão e Eva.
  3. Pecado implica incapacidade espiritual. Altera nossa condição interior, nosso caráter. Ao pecar, tornamo-nos como que deformados. Rom. 1:21,28-31.
  4. O pecado é o cumprimento incompleto dos padrões de Deus. Escolhemos não cumprir suas ordens (ISm 15.23), ou bons atos praticados com desejos errados (Mt 6. 2,5,16).
  5. Pecado é desalojar a Deus. Colocar qualquer outra coisa no lugar supremo pertence apenas a Deus.

 

A fonte do pecado

Frederick Tennant sustentou que a fonte do pecado é a nossa natureza animal. A cura se dará quando nos livrarmos dos nossos velhos instintos e aprendermos a controlá-los. O processo evolutivo está nos levando na direção correta.

Reinhold Niebuhr disse que a fonte do pecado é a ansiedade causada pela finitude humana, a tentativa de vencer, por esforço próprio, a tensão entre nossas limitações e nossas aspirações. A cura exigirá a aceitação de nossas limitações e a colocação de nossa confiança em Deus.

A teologia da libertação vai dizer que a fonte do pecado é a luta econômica. A solução é eliminar a opressão e as desigualdades de posses e poder. Ações políticas para mudar a estrutura da sociedade.

Harrison Elliot vai dizer que a competitividade individualista é a geradora do pecado e a solução pra isso é uma reeducação com destaque no empreendimento não competitivo, que levem a todos buscarem algo comum.

A abordagem bíblica: O homem é pecador por natureza e vive num mundo onde há forças poderosas que o induze a pecar ( Tg 1.13 – Deus não é o causador), mas antes diz: (Tg 1.14-15).

Os desejos precisam ser alimentados para sobreviverem.

Todos têm desejos naturais, que podem ser:

  1. O desejo de desfrutar coisas: comer e beber, Deus gerou isso em nós, mas quando, mas quando transcende a satisfação de sobrevivem e busca-se o excesso, tornar-se pecado. IJo 2.16.
  2. O desejo de obter coisas: Gn 1.28, nascemos com o “desejo” de dominar o mundo, conquistar coisas, mas quando isso vira obsessão, fruto de exploração e roubo, é pecado.
  3. O desejo de fazer coisas: Tudo deve seguir um padrão estabelecido pelo próprio Deus

 

O pecado é a escolha da pessoa que o comete. Adão e Eva escolheram agir de acordo com o impulso e a sugestão. Jesus escolheu o caminho oposto, José do Egito também.

Claro que há um agravante, que é a nossa carne, Rom 7.18, mas cabe a nós dominá-lo (Gn). A cura vem com a conversão e regeneração.